sábado, 4 de dezembro de 2010

Cursed City: Onde as almas não tem valor


“Cursed City é uma velha cidade do oeste, que como outra qualquer, convive com os mais diversos problemas, como arruaceiros perturbando a ordem, pistoleiros cruéis, prostituição, jogatina e todo tipo de bandido em fuga para o México. Também é alvo constante de ataques por parte de uma das tribos indígenas mais perigosas de todos os EUA, os Apaches, que sob o comando do chefe Cochise, vez por outra, resolve saquear a cidade.
Mas a população de Cursed City preferia conviver com tudo isso ao mesmo tempo e em todos os dias da semana, do que passar pelas provações dais quais são submetidos em certa noites, que trazem em seu manto surpresas extremamente desagradáveis.  Nessas noites, até mesmo os mais valentes homens e os mais terríveis assassinos se escondem em seus buracos imundos, esperando a morte chegar.
Nem mesmo o próprio diabo se permite passear sozinho por aquele pedaço de terra amaldiçoado…”


Os interessados em participar dessa estronha ideia, é só botar a caichola para funcionar e convidar seus personagens para adentrar neste cenário infernal, o enredo é livre, desde que ambientado dentro da cidade amaldiçoada.

Para isso, conheçam melhor Cursed City: http://www.estronho.com.br/cursed

 E vamos assombrar o velho-oeste....

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Cursed City é uma antologia do Estronho, organizada por Fernanda Morbida e M. D. Amado.

 

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

PROMOÇÃO DE LIVROS


Os blogs Mania de Ler e Apaixonada por Romances se uniram para sortear Wake e Fade,primeiro e segundo livros da trilogia da autora Lisa McMann
Você está sozinho em seus sonhos??
Ou ela está lá??
Você pode ouvi-la??
Você pode vê-la??
Ela pode ajudar você se você deixar.
Mas quem irá ajudá-la?

Seus sonhos, não são seus sonhos.

•Sorteio começa dia 24/11/10 e irá até 23/12/10
Saiba como participar e concorrer aos dois livros acessando este site: http://maniadeler-rbk.blogspot.com/2010/11/promocao-dos-sonhos.html

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Desabafo de um monstro

Ei, cuidado. Não chegue tão perto. Eu não sou a pessoa que você pensa que sou. Por favor, não se engane comigo, te peço gentilmente isso. É para o seu bem.

Eu sou nocivo até para mim mesmo, imagina para você. Meu sorriso te encanta, mas minha pele pode te queimar se você se aproximar mais, por isso shiii....fique ai mesmo onde está. Tudo em mim serve para atrair, eu sei, mas antes que você possa se enfeitiçar eu me adianto.

Se eu tirar totalmente o meu disfarce você provavelmente ficaria louco com o choque e até mesmo uma brecha da minha mascara fariam os seus olhos ficarem arregalados de pavor. É, seu sei, já faz um tempo que descobri que sou um monstro. Eu evito me olhar no espelho e ver meu reflexo terrível, às vezes ele trinca um pouco, às vezes minha imagem se embaça pelas lágrimas em meus olhos. Eu as evito, pois as lágrimas são as portas para o meu demônio interior começar a me consumir. Uma fraqueza momentânea e por vezes inevitável, alguns grãos a mais na areia da balança do meu equilíbrio. O descontrole é a mão que empurra a porta para esse quarto escuro. A fresta da luz me incomoda, a luz é a verdade e a verdade é tudo o que um monstro odeia.

Então eu odeio a verdade? Hmmmm....ora, o que foi, porque essa cara de espanto e desprezo? Eu não disse que era nocivo? Eu já comecei com a verdade, um privilégio sobre mim, então não se espante mais. E sou a antítese da verdade, tudo em mim é ilusório, é como vidro rachado, lançando fragmentos diferentes de luz conforme a direção. Qual o verdadeiro? Talvez nenhum, talvez o mais bonito, o mais convincente, o mais forte, o mais discreto, o mais evidente, depende do momento, de quem olha. Mas eu sou assim, um milhão de facetas diferentes, de capas, de mascaras, de cascas, de peles de camaleão. Perdi a capacidade de ser verdadeiro porque a verdade me incomoda. Eu aprendi a gostar do lúdico, do impossível, do surreal, que me leva para longe da corriqueira vida verdadeira que todos vivem. Absorvi pequenos fragmentos do que as pessoas gostam para ser aquilo que elas querem e desejam. Você é fascinante. Não, só estou jogando com você, observando seus gestos e jeitos e me adaptando como um camaleão para ser aquilo que você quer ver. E para ter aquilo que eu quero.

Manipulador? É, sim, eu sou. O comportamento humano é por demais fascinante para eu ser indiferente. E se reagrupando pequenas peças eu puder mudar a ordem das coisas tornando-as mais interessantes? Você acha que vou perder se puder fazer? É meu passatempo.

Acho que já te choquei bastante, não é? Acha que tenho veneno no lugar de sangue correndo em minhas veias. Sou tão perverso que não consigo acreditar em mim, na minha falsa ingenuidade tão dissimulada e engraçada. Como eu posso ser tão convincente?? E ainda me perguntam como posso me divertir com isso! Por isso não se engane, eu sou uma mentira em ultimo grau e estou dizendo isso sinceramente a você, aproveite a oportunidade para ouvir, esse é um momento que não se repete.

Eu sei que vai chegar uma hora que nem eu vou saber o que sou, de tão fragmentado que me tornei. Não sei o que acontecerá nessa hora. Sim, eu fico com um pouco de medo, você acha que não? Acho que nesse momento irei ouvir o eco do vazio que se forma dentro de mim e finalmente sentir medo da solidão que hoje é uma escolha. Vai haver choro e ranger de dentes, mas principalmente calafrios na espinha. Se hoje eu não me importo tanto com os humanos, nessa hora eu estarei desesperado por companhia. Sim, meu futuro é terrível, é o que acontece com todos os monstros, estejam eles desmascarados ou fundidos com seus mascaras. Acho que meu caso será o último.

É cada vez mais difícil me ver sem a mascara, eu normalmente estou no quarto escuro, a fresta de luz iluminando o espelho no qual não quero me refletir. Lá está, você quer que eu descreva para ficar mais fácil? Lá está uma face dúbia, isso, nem mesmo o meu rosto verdadeiro é mais inteiro, tudo em mim esta trincado, multifacetado. Lá está a metade da minha face mais iluminada, justo a mais deformada. Parece a pele de um lagarto, cinza, rachada, áspera, o olho amarelo tem um brilho sinistro e soturno, os lábios num sorriso repuxado, marcado numa eterna careta sarcástica. Comecei a usar permanentemente uma mascara para esconder essa parte, eu sempre gostei de mascaras, elas começaram a ser uteis. O que aconteceu? Não vem ao caso, senão não estaria te descrevendo e sim te mostrando esse horror, você compreenderia tudo num piscar de olhos, mas não garanto que conseguisse tirar a imagem da sua cabeça. Meu bem, estou te protegendo aqui, não percebe? É só não ficar muito curioso, minha serenidade esta sob o controle de uma balança sensível ao toque do nariz de alguém.

A outra metade, pouco iluminada, é a mais inteira. Ela ainda não sofreu tanto, o olho preserva o castanho escuro, o lábio ainda é, mas já foi mais alegre, com mais luz. Agora alguns arranhões tingem as bochechas de vermelho e meu olhar é severo.

Bem, bem...é isso, não tem mais nada para ver aqui, satisfeito?

E minha solidão não tem nada a ver com muros que construí ao redor de mim. Sabe o que construí? Uma torre. Uma torre alta e difícil de escalar. Não há muros, então ao mesmo tempo em que estou recluso em minha paz qualquer um pode se aproximar, acenar para mim que estou numa janela lá no alto. Eu vou retribuir conforme meu humor. Às vezes fingindo que não vi, às vezes fuzilando com o olhar de "o que você quer aqui?!", às vezes talvez jogando uma corda para você subir. Mas é preciso me cativar. Eu sou um monstro sensível.

*   *   *

domingo, 24 de outubro de 2010

Até o inferno

"Christine Brown tinha um bom emprego, um excelente namorado, e um brilhante futuro... 
Mas em três dias era irá para o inferno."


Um retorno as origens do diretor Sam Raimi (de Uma Noite Alucinante , 1981 e o Dom da Premonição, 2000), após anos envolvido com a megaprodução de Homem-Aranha. Um retorno com um gostinho do tradicional e do clássico.

Arraste-me para o Inferno (Drag me to Hell, 2009) não é um filme excelente, ele tem bastante erros considerados grotescos, como exageros em CG (computação gráfica), discrepâncias na sequencia das cenas (a protagonista é encharcada por gosma e em seguida aparece nem sequer molhada ou suja), efeitos sonoros meio olds, mas, acreditem, é esse conjunto da obra que dá um certo charme a esse longa. Um charme nem um pouco trash.

Para quem gosta de terror é possível sentir esses elementos talvez colocados propositalmente pelo diretor para criar um efeito parecido com os de filmes antigos, que abusavam um pouquinho do exagero (fosse com efeitos especiais ou sonoros ou o suspense do tipo “pular da cadeira”), mas ele acertou na mão. Tem filmes recentes que tentam usar de artificies tradicionais para criar esses efeitos, porém levando isso muito a sério (realmente sustentando a historia sob isso) e não dá certo, o resultado é bem desastroso (estou me lembrando de alguns, mas são tão ruins que não vale a pena nem citar). Raimi fez isso sem pretensões, como se para ver se ainda tinha jeito com a coisa, salpicando a historia com essas referencias clássicas. Ficou muito bom.

Sobre a historia: Eu não botava muita fé no inicio, na verdade a historia segue um rumo mais ou menos predestinado, só não podemos imaginar que vai ser tão ruim pra personagem principal, Christine Brown (Alison Lohman), uma bela e meiga  bancaria que busca uma promoção e para impressionar o chefe (e ficar mais perto de ser promovida) nega a prorrogação da hipoteca da Sra. Ganush (Lorna Raver), uma velha cigana muito sinistra (e, porque não, asquerosa). Quando a senhora ajoelha-se, implorando por ajudar, a garota acaba humilhando-a, desconcertada com a situação.  Ela não podia imaginar que tal confusão lhe traria sérias consequências.
Numa cena bastante forte e frenética, ela é atacada, depois do expediente, pela velha, que lhe toma um botão do casaco e o amaldiçoa (amaldiçoando assim o seu dono também). A partir dai a vida da menina vira um inferno. Não há paz em nenhum lugar que vai e tudo o que faz acaba por dar errado.  Seus infortúnios são de dar dó e asco, além de serem surpreendentes.

Maldições ciganas são barra pesada, mexem com entidades ocultas e poderosas, como o próprio ‘bode negro’, no filme chamado de "Lamia", mas na verdade se tratando do deus oculto Baphomet (aquele costumeiramente usado pela igreja católica para figurar Lúcifer, um ser com cabeça de bode, uma mão apontando para cima, a outra para baixo, mas que nada tem a ver com o anjo caido da Bíblia). Parece até um pouco engraçado a figura literal do bode, mas esse símbolo clássico que poderia soar cafona em longas atuais consegue ter sua magia assustadora ao ser acrescentado em uma trama como a desse filme. Sempre aparecendo indiretamente, através de sombras chifrudas na parede, evidenciado no som de seus cascos pelo soalho, nas batidas categóricas em portas (que só a pessoa amaldiçoada consegue ouvir) e suas manifestações invisíveis de violência (e bota manifestações nisso, com direito a sacudir a moça pelo ar, jogando-a sem dó em todas as direções, quebrando o quarto todo, com a câmera acompanhando o olhar aterrorizado dela enquanto esta suspensa no ar. Nem Atividade Paranormal conseguiu ser tão autentico no quesito “puxão invisível pelo pé”).

Esse filme também foi comparado à obra (e filme) do Stephen King, A Maldição do Cigano (Thinner, 1984 - um livro que não é dos meus favoritos, mas também não é ruim) por ter em comum pragas rogadas por esses forasteiros supersticiosos. No caso da obra de SK, um advogado obeso é amaldiçoado por um cigano após ser inocentado do atropelamento de uma cigana. O sinistro destino do homem é emagrecer. Até certo ponto bom para um homem de silhueta avantajada, porém não tanto quando o emagrecimento não para nunca...

Em Arraste-me para o inferno, a cigana é de dar arrepios, uma figura clássica da bruxa velha que ira atormentar até depois da morte, sempre pegando de surpresa, aparecendo do nada, com sua carranca murcha e sobrenatural. Christine apela de todos os jeitos para se livrar da maldição, e sentimos, ao longo desses três dias fatidicos, até certa pena da personagem, pois a maldição transforma sua vida num caos,  tendo ela que fazer o que nem imaginava possível, e correr contra o tempo atrás das coisas mais funestas, pois Lamia virá buscar sua alma. Literal e pessoalmente.

Destaque para a sequencia em que tentando conjurar o espirito blasfemo, ele passa de um corpo para o outro, em referencias cada vez mais clássicas de historias sobre entidades diabólicas. Primeiro a médium que o recepciona, com risadas e um humor acido de arrepiar. Depois para o bode que, ao tê-lo em seu corpo começa a falar, com olhos quase humanos (brrrr....o bode ficou perfeito) e depois para o assistente que deveria matar o bode com o espirito ruim dentro, mas só consegue fazê-lo passar também para o seu corpo depois de uma bela dentada. Dentro de um corpo masculino ele deita e rola suspenso e dançando no ar, blasfemando sarcasticamente a tentativa de detê-lo (como boas historias do tipo, os demônios gostam de “brincar” com o terror que causam nos humanos, como um gato brincando com a pressa indefesa, antes de lhes devorar).
Somos surpreendidos em até onde a protagonista consegue ir para tentar deter a maldição que se consumará ao raiar do terceiro dia. Quantas escolhas ela deve fazer, o quão bizarra é sua determinação nelas.

E como é muito comum, maldições são difíceis de serem quebradas. Ou você destrói o algoz, ou passa ela adiante, amaldiçoando assim outra pessoa (lembre-se da fita amaldiçoada de O Chamado). Quando Christine leva seu objeto amaldiçoado para dar ele a alguém, somos levados a acreditar que ela irá mesmo se sair bem. Afinal, coitada, ela sofreu o filme todo e quase foi pro saco faltando muito pouco. Mas filmes de maldições (historias de maldições, lembra do A Pata do Macaco e o conto da Lauren Myracle em Formaturas Infernais?) não são dadas a finais felizes. Nada felizes. O que proporcionou um desfecho soberbo nesse retorno básico de Sam Raimi ao gênero que o consagrou.

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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Resenha: Formaturas Infernais


Cinco histórias de terror, cinco autoras de sucesso, um tema central: a Formatura no colégio. Eis um grande marco em várias das histórias norte-americanas; Mas e se esse tema já tão exaustivamente abordado, fosse discutido de outra forma? E se a noite do baile não terminasse com a grande dança, o casal perfeito, a noite dos sonhos e seus vestidos de festa, mas com morte, medo, sangue e desordem?

Eis a proposta da coletânea de contos Formaturas Infernais (Prom nights from hell, 2009) que passam por várias vertentes misturando historias de assombração a terror e ação, mistério e romance.

O nome das autoras dispostas na capa mostra uma certa tendência comercial em chamar a atenção para as mais conhecidas na atualidade, Meg Cabot e Stephenie Meyer, logo no topo da lista, porém devo confessar que os contos delas (que abrem e fecham o livro) não me impressionaram tanto, alias, a disposição deles mostra que obviamente queriasse deixar o conto da autora mais popular e aguardada (Meyer) para o final. E o mais fraco (Cabot) para iniciar a trama.
O conto que mais gostei (Lauren Myracle), porém, ficou no final dessa listinha chamativa da capa ^^.

Vamos aos contos:

A Filha da Exterminadora (Meg Cabot)
História de vampiros. Na verdade nos vemos num conto que parece um apêndice de uma história desconhecida, como o legado da exterminadora para sua filha, Mary. Talvez seja e eu não saiba e já fiz muito isso, de escrever um conto originado de uma historia maior e as correlações ficarem evidentes, nem sempre da certo.
Meg escreve de uma maneira bastante coloquial e juvenil, uma leitura fácil e que lembra muito filmes de adolescentes. Dinâmica, mas sem profundidade, sua historia de uma caçadora de vampiros no baile de formatura não assusta ou marca (mesmo que ela esteja caçando o filho do Drácula), é apenas um entretenimento passageiro. A historia escrita pelos olhos de dois personagens principais (um casal) é um artificie interessante, mas sem grandes surpresas.


O Buquê (Lauren Myracle)
Eis o conto que foi renegado ao final da lista na capa do livro, mas como diz o ditado, “Os últimos serão os primeiros”, rs,  e de todos, sem dúvida, esse é o melhor conto do livro, não apenas pela condução da historia típica de um conto de terror, mas por ser o único cujo final não é nada, nada feliz.
Na introdução a autora informa que este conto foi inspirado em um que a assustou quando era adolescente, publicado na virada do século, chamado “A Pata do macaco”, de W.W. Jacobs (anexado no final deste post). Os contos típicos de terror são bases excelentes para historias contemporâneas do gênero e essa não poderia ter sido melhor. Ele todo é permeado por essa aura de maldições antigas, mesmo com uma ambientação juvenil. Me remeteu a muitas outras historias típicas de horror.
E se tudo o que você quisesse fosse que aquele cara que você gosta se declarasse, ou perdesse o medo e decidisse te convidar para o baile? É um anseio normal para a idade. No entanto, o que aconteceria se os desejos borbulhantes da adolescência esbarassem com um artefato mais antigo que os pais de seus pais e tão sobrenatural que seria capaz de realizar tais ambições, porém cobrando um preço tão alto quanto inimaginavel.
Cuidado com o que deseja é o tema central da trama com ares de maldição. O desejo é algo perigoso, pois dependendo da intensidade  e a inadvertida vontade de realiza-lo, podemos estar deixando ao acaso se encarregar da confecção dele, da forma que lhe aprover, mesmo que o preço, no final das contas, nos mostre que não valeu a pena e só nos reste querer que tal coisa jamais tivesse se realizado.

Madison Avery e a Morte (Kim Harrison)
Esse não é um conto ruim, só não me parece um conto. É longo demais. Ele dá a sensação (depois de certo ponto) que estamos diante da introdução de um livro (ou pelo menos um ensaio para a confecção de um romance) e não de um conto. Não, o conto propriamente dito acaba nas primeiras 20 páginas, aproximadamente (das 66 totais), com o final do primeiro (dos quatro) capítulos. Quando findei essas 23 paginas realmente achei que o conto tinha acabado. O final era perfeito para o desfecho de uma historia curta e sobrenatural e se acabasse ali ficaria em 2° lugar como melhor conto (bem, fica de certa forma, pois não elegi um segundo lugar depois do conto da Lauren). Mas não, ele continuou e muito além do que imaginei. Num meio termo eu diria que ele é ruim, mas não, ele conseguiu ser um bom conto nas primeirs páginas e um bom romance nas ultimas, com um gosto irresistível de continuação, de nos vemos no próximo capitulo. Impossivel essa historia ter acabado ali.
E não acaba, rs. Essa era a primeira impressão que tive (e muitos podem ter) e queria registrar, mas essa na verdade é a primeira parte da saga de Madison Avery após se dar mal no baile e ficar no limiar da vida com a morte quando rouba um amuleto do seu algoz., que lhe da o poder de congelar nesse estado não-morto. A continuação esta neste book da Kim "Once dead twice shy" (Uma vez morto, duas vezes timido) sem tradução ainda no Brasil. Sniff....

Salada Mista (Michele Jaffe)
Apesar desse ser o maior conto do livro, ele se fragmenta em vários capítulos e não dá nem para perceber, como o conto da Harrison. Tem o mesmo jeito coloquial e dinâmico da Cabot, porém, com mais consistência. É o mais descontraido da série, bastante jovial. Até certo ponto não sabemos bem o que esperar dele. A história começa narrando eventos finais e desconexos, então somos forçado a imaginar quem eram os personagens em cena e como eles chegaram aquilo...e ainda conseguimos ser surpreendidos em como achamos que sabemos do que se trata depois de certo ponto e nem chegar perto.
A curiosidade desse conto é que ele tem uma ressalva que não o faz ser uma mera historia de adolescente na semana do baile, como aparentemente é, e o encaminha aos poucos a acontecimentos maiores e mais bizarros sem parecer forçado pela temática do livro.

Inferno na Terra (Stephenie Meyer)
Uma interessante historia de seres sobrenaturais infiltrados no meio dos adolescentes, que acabam por se envolver nas garras do romance. Felizmente essa não é uma historia de vampiros, rs. Não é que não goste das sagas vampirescas da Meyer, mas seria bom ler outra coisa que não fosse do universo dos Cullen vinda das mãos dela.
Um sujeito muito boa praça é abandonado por sua acompanhante na noite do baile. Logo temos muitos outros casais em situações parecidas, trocando de pares e criando desavenças e caos. A causa disso tudo é uma demônia que busca subir de nível transformando aquela noite que deveria ser de festa e descontração num pesadelo. O modo como se conduz a trama, os personagens e a forma como o encontro deles faz tudo mudar tem o seu charme, e o final voltado para o romance (e, de certa forma, a salvação através dele) é bem a lá Meyer.

Sobre as autoras
Meg Cabot
Meg Cabot é autora da série best seller O Diário da Princesa, adaptada para o cinema pela Disney. É autora também da série  A Mediadora. Ela divide seu tempo entre Flórida e Nova York, com o marido e uma gata de um olho só chamada Henrietta (os autores e seus gostos por gatos...^^).






Lauren Myracle 
Lauren Myracle é autora de vários romances para jovens leitores, como Rhymes with Witches e os best sellers TTYL e TTFN (infelizmente não traduzidos ainda para o Brasil). Ela vive com a família no Colorado.









Kim Harrison
Kim Harrison nasceu e foi criada no Meio- Oeste americano. Depois de se formar em Ciências, ela se mudou para a Carolina do Sul, onde vive desde então. É autora de Dead Witch Walking, The Good, The Bad, and The Undead, Every Which Way but Dead e A Fistful of Charms (também não vindos para o Brasil).






Michele Jaffe
Michele Jaffe é autora de Bad Kitty, assim como de romances como Bad Girl e Loverboy. Nascida em Los Angeles, Michele mora em Las Vegas com o marido, seu globo de discoteca e um carpete enorme imitando pele de zebra (que excentrica! rs).





Stephenie Meyer
Stephenie Meyer é autora da série vampiresca Crepúsculo. Formada em Literatura Inglesa pela Brigham Young University, ela vive com o marido e três filhos no Arizona.








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Uma palhinha do conto que serviu de inspiração para Lauren Myracle:



A Pata do Macaco
(W.W. Jacobs, 1902)



Lá fora, a noite estava fria e úmida, mas na pequena sala de visitas de Labumum Villa os postigos estavam abaixados e o fogo queimava na lareira. Pai e filho jogavam xadrez: o primeiro tinha idéias sobre o jogo que envolviam mudanças radicais, colocando o rei em perigo tão desnecessário que até provocava comentários da velha senhora de cabelos brancos, que tricotava serenamente perto do fogo.
— Ouça o vento - disse o Sr. White, que, tendo visto tarde demais um erro fatal, queria evitar que o filho o visse.
— Estou escutando - disse o último, estudando o tabuleiro ao esticar a mão.
— Xeque.
— Eu duvido que ele venha hoje à noite - disse o pai, com a mão parada em cima do tabuleiro.- Mate - replicou o filho.
— Essa é a desvantagem de se viver tão afastado - vociferou o Sr. White, com um a violência súbita e inesperada. - De todos os lugares desertos e lamacentos para se viver, este é o pior. O caminho é um atoleiro, e a estrada uma torrente. Não sei o que as pessoas têm na cabeça. Acho que, como só sobraram duas casas na estrada, elas acham que não faz mal.
— Não se preocupe, querido - disse a esposa em tom apaziguador. - Talvez você ganhe a próxima partida.O Sr. White levantou os olhos bruscamente a tempo de perceber uma troca de olhares entre mãe e filho. As palavras morreram em seus lábios, e ele escondeu um sorriso de culpa atrás da barba fina e grisalha.
— Aí vem ele - disse Herbert White, quando o portão bateu ruidosamente e passos pesados se aproximaram da porta.O velho levantou-se com uma pressa hospitaleira e, ao abrir a porta, foi ouvido cumprimentando o recém chegado. Este também o cumprimentou, e a Sra. White tossiu ligeiramente quando o marido entrou na sala, seguido por um homem alto e corpulento, com olhos pequenos e nariz vermelho.
— Sargento Morris - disse ele, apresentando-o. O sargento apertou as mãos e, sentando-se no lugar que lhe ofereceram perto do fogo, observou satisfeito o anfitrião pegar uísque e copos, e colocar uma pequena chaleira de cobre no fogo.Depois do terceiro copo, seus olhos ficaram mais brilhantes, e ele começou a falar, o pequeno círculo familiar olhando com interessante este visitante de lugares distantes, quando ele empertigou os ombros largos na cadeira e falou de cenários selvagens e feitos intrépidos: de guerras, pragas e povos estranhos.
— Vinte e um anos nessa vida - disse o Sr. White, olhando para a esposa e o filho. - Quando ele foi embora era um rapazinho no armazém. Agora olhem só para ele.
— Ele não parece ter sofrido muitos reveses - disse a Sra. White amavelmente.
— Eu gostaria de ir à Índia - disse o velho - só para conhecer, compreende?
— Você está bem melhor aqui - disse o sargento, sacudindo a cabeça. Pôs o copo vazio na mesa e, suspirando baixinho, sacudiu a cabeça novamente.
— Eu gostaria de ver aqueles velhos templos, os faquires e os nativos - disse o velho. - O que foi que você começou a me contar outro dia sobre uma pata de macaco ou algo assim Morris?
— Nada - disse o soldado rapidamente. - Não é nada de importante.
— Pata de Macaco? - perguntou a Sra. White, curiosa.
— Bem, é só um pouco do que se poderia chamar de magia, talvez - disse o sargento com falso ar distraído. Os três ouvintes debruçaram-se nas cadeiras interessados. O visitante levou o copo vazio à boca distraidamente e depois recolocou-o onde estava. O dono da casa tornou a enchê-lo.
— Aparentemente - disse o sargento, mexendo no bolso - é só uma patinha comum dissecada. Tirou uma coisa do bolso e mostrou-a. A Sra. White recuou com uma careta, mas o filho, pegando-a, examinou-a com curiosidade.
— E o que há de especial nela? - perguntou o Sr. White ao pegá-la da mão do filho e, depois de examiná-la, colocá-la sobre a mesa.
— Foi encantada por um velho faquir - disse o sargento -, um homem muito santo. Ele queria provar que o destino regia a vida das pessoas, e que aqueles que interferissem nele seriam castigados. Fez um encantamento pelo qual três homens distintos poderiam fazer, cada um, três pedidos a ela. A maneira dele ao dizer isso foi tão solene que os ouvintes perceberam que suas risadas estavam um pouco fora de propósito.
— Bem, por que não faz os seus três pedidos, senhor? - disse Herbert White astutamente.O soldado olhou para ele como olham as pessoas de meia-idade para um jovem presunçoso.
— Eu fiz - disse ele calmamente, e seu rosto marcado empalideceu.
— E teve mesmo os três desejos satisfeitos? - perguntou a Sra. White.
— Tive - disse o sargento, e o copo bateu nos dentes fortes.
— E alguém mais fez os pedidos? - insistiu a senhora.
— O primeiro homem realizou os três desejos - foi a resposta. - Eu não sei quais foram os dois primeiros, mas o terceiro foi para morrer. Por isso é que consegui a pata. Seu tom de voz era tão grave que o grupo ficou em silêncio.
(...)

Leia o conto na integra: A Pata do Macaco - W.W. Jacobs

Baixe o livro: Formaturas Infernais

domingo, 5 de setembro de 2010

Oh, I get by with a little help from my friends (ou dos colegas q tem um Dell Inspiron 1545)

E espero que com esse post possa ajudar outros peregrinos, rs.

Esse é um post especifico para quem tem (ou quer ajudar quem tenha) um Dell Inspiron 1545 e formatou a maquina, e a webcam parou de funcionar (ou ela parou simplesmente de funcionar, mesmo sem formatar) e nem percorrendo as mais remotas paginas da Google, nem ligando p assistencia técnica da Dell conseguiu achar o danado do driver da webcam.

Desde que instalei um segundo sistema operacional nele (a versão Ultimate do Windows 7) venho nessa peregrinação tentando achar o driver da webcam que é muitooo boa, mas vira um boné véio sem o driver (q, curiosamente, não estava no cd de drivers que veio junto com o note). Para usar a webcam, tinha que reiniciar na versão Home Basic, que veio instalado na máquina (versãozinha chula...), trampeira só p usar o msn...
Mas eis que hoje eu resolvi vasculhar profundamente o ciberespaço com mais paciencia (ja tinha feito inumeras vezes sem sucesso),  e fiquei tanto tempo para achar, num comentario perdido de um forum da propria Dell, que quando encontrei e fiquei 1h e 1/2 esperando baixar e instalei já pensei "não é esse, não vai dar certo" como ja tinha acontecido com outro (q demorei bem mais  que 2 horas p baixar ¬¬ e era a versão velhaca que não rodou neste modelo), mas era o próprio. Pequenos momentos de alivio e satisfação que nem Mastercard paga :) . Finalmente!

Então, como durante esse tempo quase desacreditada o que mais li dos usuarios deste modelo era que ninguém conseguia encontrar em lugar nenhum o bendito driver da webcam, vou deixar aqui onde encontrei para o caso de alguém esbarar com este blog pelas pesquisas da vida no Google e descobrir enfim a solução p essa dorzinha de cabeça q é a webcam do Dell Inspiron 1545.

Esta aqui:

Link: http://ftp.us.dell.com/monitors/

Depois é só instalar pelo Setup que vem dentro do arquivo zipado e aproveitar.

(Eheheh, consegui...)

Até mais colegas.

domingo, 29 de agosto de 2010

Páginas de um caderninho vermelho

"Eu já não sou o que queria...devo ser o que me tornei." 
(Coco Chanel)

Agora...

Está acabando um monte de coisas... Ou melhor, o ciclo delas esta acabando, de modo que estou numa fase de reciclagem e renovação. Mais do que nunca.

Parece um imenso balanço dos últimos tempos. A faculdade acabou, começo a trabalhar, as portas do mundo estão escancaradas na minha frente e dessa vez não tenho o titulo de aluna para me dar cobertura.

A vida adulta chegou.

E a maior questão que me aparece nem é a que eu achei que seria típica desses tempos: 
 E agora?
Na verdade, a primeira questão é aquela bem mais intima.

O que eu sou?

Eis a pergunta que mais tenho me feito nos últimos tempos. Parece que lá atrás  o ano começou com essa incógnita. Sempre começava um ano novo escrevendo planos, pensando no que ia fazer de novo e de fato tenho coisas em mente, mas tudo parece fazer parte de um segundo plano quando penso nessa questão: o que eu sou? Ou ainda, quem eu sou?

Antes de fazer planos e estipular metas, parece mais do que importante responder a esta pergunta tão intima e que, percebo agora, deixei de lado por tempo demais.
Sem ela parece que não vou conseguir descobrir a resposta das outras.
Mas afinal, o que seria de nós sem sabermos quem somos...meros fantasmas.

Tudo começou com uma tintura de cabelo errada. Bom, digamos que já tinha começado antes, mas de maneira isolada e esporádica, que não me dava um sinal forte de alerta, apenas me incomodava um pouco, mas logo sumia.

Mas dessa vez isso e a perspectiva da mudança do começo do ano me fez ver as coisas límpidas e claramente. Parece que sempre são as coisas mais pequenas que põe enfim as maiores interrogações abaixo.

Quem eu sou afinal? Ou...O que eu sou?

Então começaram a me vir algumas respostas engraçadas...e óbvias...com cheiro de poeira do tipo que eu deixei por um tempinho num canto decantando, esperando para serem relembradas e voltarem a tona.

O que eu sou...

De repente eu me vi aos poucos sendo o que eu não era. Depois eu vi as outras pessoas me vendo assim e dizendo que eu era daquele jeito.

Mas eu era mesmo?

Ou era só a imagem que estava passando para os outros, mas que não era o meu “EU” verdadeiro?

Por um tempo, acho que bem no meio da faculdade para cá, resolvi experimentar algumas coisas, principalmente para mudar meu visual. Muitas delas foram boas escolhas (o novo corte de cabelo, a mudança das roupas ‘masculinizadas’ (influencia do único irmão...) pelas mais femininas...), mas outras eram por um desejo meio (Bobo? Estranho? Leviano?) de me adequar de certa forma, de seguir um estilo que me fizesse ficar longe do patinho feio que eu tinha sido sem ficar totalmente descaracterizada.

Mas de fato eu fiquei descaracterizada...
Tanto que até me atribui características novas que não eram exatamente da minha personalidade, mas do que achava bonito, interessante, ADEQUADO.

Tentei me adequar ao mais feminino primeiro. Boa parte disso deu certo (sem arrependimentos). Depois ao que achavam que ia me deixar melhor (embora eu não soubesse se ia ou não e normalmente tinha a leve impressão que ‘não’), algumas coisas que era suspeito de me deixar confortável (normalmente não deixava).

Depois veio a moda. Normalmente não sou de seguir moda. Mas ai surgiram algumas que casaram com gostos que já tinha antes, como cor do cabelo e de roupas. Ai foi o inicio da perdição.
Foi ai que começou a novela do chocolate.

Primeiro veio a ‘tendência’ da moda capilar: o castanho era a sensação. Mesmo que cabelo escuro nunca tenha sido minha praia, comecei a escurecê-lo cada vez mais, pois cores escuras eram a tendência...

Mas e quanto a mim? O que eu sentia era algo estranho. Como se estivesse levemente incomodada com a facilidade de minha decisão contraria ao que lá no fundo eu sentia que não era o que eu queria.

Mas o que eu queria não fazia parte das ultimas tendências da estação. Era uma tendência só minha e tinha medo de segui-la.


Mas por quê? E se eu não seguisse, a quem eu iria esta incomodando?
A única incomodada no final das contas era eu...

Mesmo que dentro de mim eu saiba o que quero, parece haver uma barreira que impede da minha vontade chegar até a superfície. É como se ela (esse fio d’água que separa as profundezas do mundo lá fora) estivesse por demais congestionado por ruído, detritos, por uma serie de pequenas coisas que me impedem de poder chegar com minhas escolhas intactas até o outro lado. É frustrante.
As minhas escolhas sempre se tornam as ‘escolhas dos outros’ pelo caminho.

O que eu sou afinal?

O que me privou por muito tempo da resposta ou sequer da cogitação disso foi algo que, pensando bem, foi meio bobo e compreensível.

Eu tinha medo. Do quê? Do passado.
Bem, é bobo, pois hoje eu sou forte para ver o que é bom ou não para mim. Tinha aquele medo do passado voltar, mas eu saberia como lidar com ele.

Compreensível, porque é fácil imaginar porque o passado me apavora tanto. Eu nem consigo olhar ele de frente. Foi uma época que tinha um certo medo que voltasse, de tão ruim que foi.

Eu achei que barrando o que eu era no passado, seria alguém melhor. Uma parte disso faz sentido, mas outra só tinha muito medo do que eu fui, de modo que bloqueou o retorno de tudo temporariamente, querendo criar um outro eu, que depois de um tempo começou a me soar falso e descaracterizado.

Isso era eu?

Digamos que fiz uma viagem de alguns anos, no meu interior, fora dele, no meio de todo mundo, como quem anda por um campo de varias flores, garimpando, tocando, provando, escolhendo, descartando, sentindo...

Larguei o estilo bruto que usava para me enveredar por vário estilos, provando o novo, o desconhecido, a moda, o batido, o exótico, para ir vendo de tudo isso, o que melhor se encaixava em mim.
No final, eu me sinto como se tivesse me desmontado, embaralhado, tentado me juntar com peças novas, que se encaixavam de alguma forma, mas não de outra, testando...até  que agora, depois de muitos encaixes e desencaixes me sinto enfim voltando ao rumo certo das peças, como se elas sempre estivessem lá, mas precisassem dessa bagunça, pois se juntaram a peças novas, se reinventaram numa figura antiga renovada perfeita. Ta, talvez não perfeita, mas está ótimo para mim.

Não é que o meu “EU” antigo vá voltar. É isso que tenho que parar de ter medo. Mas o meu “EU” verdadeiro sempre esteve aqui em algum lugar e a verdadeira essência dele estava meio submersa. Renovada, depois de tanta coisa que aprendi, vou saber direcionar ele para o caminho certo. Minha essencia natural precisa voltar à superfície.