domingo, 29 de novembro de 2009

Remembers


Quinta (26/11) foi exibido na rede Globo no programa Por Toda Minha Vida um especial sobre o Claudinho, da dupla de funk Claudinho e Buchecha, que morreu em 2002, num acidente de carro na Dutra quando voltava de um show aqui pertinho, em Lorena. Assistir a esse especial e reprisar a carreira da dupla foi como dar um mergulho direto no meu passado...uma época do passado incrivelmente viva e da qual me surpreendi ao sentir tanta saudade. O programa tem exibido artistas da música que já se foram, mas deixaram uma marca muito viva nas gerações por onde passaram. Assistir a Elis Regina, Cazuza, Renato Russo...é diferente. O estilo musical me agrada mais, porém o efeito não é o mesmo que ver o funk romantico que contagiou o final da minha infância. Como disse, é mais vivo, fez parte de mim, fez parte de uma época inesquecivel da minha vida, vivamente. Ouvir os primeiros estouros como "Conquista" e lembrar da letra inteirinha como se fosse ontem que eu cantava os versos "Olha eu te amo, e quero tanto, beijar teu corpo nú, não, não é mentira, nem hipocrisia, é amor, com você tudo blue...", é, eu sei, hoje em dia isso parece meio brega (e longe do meu estilo), mas naquele tempo, junto com os amigos, em coro, ah que delicia que era esses estouros....e a sensação da delicia que volta intensamente com essas retrospectivas de um tempo em que vivi é que me deixa com lágrimas nos olhos e suspiros nostalgicos. Que tempo aquele meu deus! Bem no olho do furação que se transformou minha vida, exatamente num ponto divisor entre a calmaria e a reclusão. Uma tempestade que as vezes arrancou galhos violentamente e as vezes levantou os voos mais altos. E como eu senti isso ontem, quando a voz melodiosa da dupla me fez lembrar do que há muito eu nem lembrava. Dos fins de semana de sol, da feira livre da cidade, onde eu e meu irmão podiamos ir a vontade comprar cds de musica originais por preço de banana no 'cara da feira', numa época em que cds eram tão caros que isso era um luxo e que a pirataria ainda não tinha se disseminado. Na turma da escola (nos tempos em que a escola era deliciosamente prazerosa de se ir) que se reunia para cantar e dançar os sucessos dessa e de outras duplas e bandas, mas não só isso, do tempo das brincadeiras, dos jogos, das apresentações de final de ano, com os pais tirando fotos e para muitos, a única oportunidade de ver os pais ali, vendo o seu progresso escolar de perto. De como corriamos pelo patio do santuário da cidade ouvindo musica pelo antigo walkman, que rodava fita K7 ou como usavamos o gravador do radio de casa para registrar os momentos familiares de furia da nossa mãe que pirava quando demoravamos demais no banho, para depois rir do que nos tinha feito chorar de vergonha e raiva na hora. Fazia tempo que algo não me lançava direto para esse passado não tão distante, mas que hoje parece outra vida, em outra dimensão que infelizmente se fechou. Lembrar disso é bom e ruim ao mesmo tempo, é doce e amargo.
E como diz a música...esse passado parece um pedaço que falta no meu coração.

* * *


terça-feira, 27 de outubro de 2009

O caminho desconhecido


"Acabara de dar-se conta de que existem duas coisas que impedem uma pessoa de realizar os seus sonhos: achar que eles são impossíveis, ou, através de uma súbita virada na roda do destino, vê-los transformar-se em algo possível quando menos se espera. Pois neste momento surge o medo de um caminho que não se sabe onde vai dar, de uma vida com desafios desconhecidos, da possibilidade de que as coisas com que estamos acostumados desapareçam para sempre."


"O Demônio e a Srta. Prym" - Paulo Coelho

domingo, 25 de outubro de 2009

A Lenda do Monge e do Escorpião




"Um monge e os seus discípulos caminhavam por uma estrada e, quando passaram por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas e quase afogando-se. O monge correu pela margem do rio, jogou-se na água e apanhou-o com a mão. Quando o trazia para fora da água, o bicho picou-o e, devido a dor, o homem deixou-o cair outra vez no rio. O mestre tentou tirá-lo novamente e novamente o animal o picou. Alguém que estava observando, aproximou-se do mestre e disse-lhe:

- Desculpe, mas o senhor é teimoso! Não entende que todas as vezes que tentar tirá-lo da água ele irá picá-lo?

O monge respondeu:

- Ele só agiu conforme a sua natureza, e eu de acordo com a minha.

Foi então à margem, apanhou um ramo de árvore, adiantou-se outra vez a correr pela margem, entrou no rio, colheu o escorpião e salvou-o. O monge voltou e juntou-se aos discípulos na estrada. Eles que tinham assistido à cena, receberam-no perplexos e penalizados, dizendo:

- Mestre, deve estar doendo muito! Porque é que foi salvar esse bicho perigoso e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele agradeceu a sua ajuda! Picou a mão que o salvara! Não merecia a sua compaixão!

O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu:

- A natureza do escorpião é picar, mas isso não vai mudar a minha, que é ajudar."

* * *
Moral da História:

Cada um age de acordo com o que acha que é certo. Não seremos melhores se mudarmos o outro e nem podemos fazer isso. Não seremos melhores se modificarmos nossa natureza para rebater a ofensa recebida. Devemos apenas nos precaver, mantendo o que somos, nossa indole e valores, sem nos deixar influenciar pela natureza e atitudes do outro, pois cada um dá o que tem, e o que a natureza deixa mostrar.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Apocalipse mais uma vez





Não sou muito chegada a filmes que tem como tema o apocalipse. Pensar no fim de tudo é meio masoquista demais pra mim, ainda mais gastar milhões para fazerem uma produção do gênero. Mas vá lá, dá bilheteria e alguns até tem uma mensagem moral no fundo, como ‘preservem o meio ambiente’ ‘vejam o que vocês estão fazendo com o mundo’, com a onda verde dos últimos anos. Catástrofes naturais causadas pela degradação do planeta é o único gênero que relevo nesse tema apocalíptico, pois são o que mais perto da realidade chegam, nos dando um aviso importante e aplicável. Mas há outros como invasões extraterrestres que só conseguem me arrancar risos, com seu estilo manipulação humana anos 70 (já que a maioria dos filmes sobre o gênero hoje são readaptações de produções antigas e mais bem feitas como O Dia que a terra parou e Guerra dos Mundos). Há ainda os piores, e não sei bem qual a mensagem moral no fundo, com a possibilidade de uma extinção a lá época pré histórica, com um asteróide atingindo a terra (detalhe que ele sempre vai parar em algum lugar dos Estados Unidos, bem, às vezes dá vontade de mandar eles literalmente se ‘explodirem’, rsrs). Mas nesses o governo americano e os super hiper agentes especiais da NASA estão lá para tentarem explodir a coisa no espaço para que ela cause o menor dano possível e salvarem a pátria e o mundo inteiro se curvarem agradecidos a eles. Uruuu!!
Mas de todos os temas apocalíptico, o recente Presságio (Knowing, 2009) com Nicolas Cage me deixou arrepiada. Na verdade não é um filme ruim, mas odiei assisti-lo até o final.


Como dizia Raul Seixas, cada um de nós é um universo e quando nos acabamos esse universo vai junto com a gente. Sim, vamos todos morrer um dia, tudo vai se acabar. Já é ruim o suficiente pensar na idéia de morte, pior ainda é imaginá-la de forma coletiva, como o “EE” (Everyone Else - todo mundo) no final da funesta lista de números do filme que esconde datas, locais e numero de mortes em grandes tragédias. Não seria um fim do mundo gerado pelo homem, por sua matança descontrolada a natureza, por ETs parasitas vindo sabe-se lá de que galáxia, de meteoros gigantes que podem nos colocar numa nova era do gelo, mas pelo simples e puro gerador de toda a vida na terra: o Sol. O que nos dá vida pode tirar. Não gostei nem um pouco de pensar num fim desses, tão simples e ao mesmo tempo tão devastador e inevitável. Dessa vez nem os super hiper especiais agentes da NASA junto com o poderoso governo americano poderiam fazer nada contra uma força tão poderosa e incontrolável. Teríamos apenas que esperar pelo inevitável fim. Credo. Eu poderia ter passado o ano sem pensar numa coisa dessas.



Esse post eu resolvi escrever pois hoje acordei as 3 da manha sobressaltada depois de um sonho apocalíptico envolvendo a merda desse filme (odeio ficar impressionada com as coisas assim) sobre um sol que de repente fica louco e começa a ter erupções gigantescas que podem atingir a terra e nos evaporar daqui. Só nos restava ver as labaredas se aproximando cada vez mais, envolvendo um circulo fumegante num céu enegrecido. Brrr...Cruzes. Não consegui dormir mais, e eu precisava mesmo de uma noite mal dormida e chegar com olheiras no trabalho, aiai.....Resolvi ficar assistindo séries para desencanar, odeio esses pesadelos.



Mas antes, ao invés de fugir da historia, resolvi procurar um pouco sobre a origem desse filme e descobri que ele teve diversos autores e passou pelas mãos de várias pessoas. Não é a toa que o filme parece uma colcha de retalhos, horas parecendo que vai tender para algo cientifico, horas para algo bíblico e um final bastante ruim.



Se dividirmos ele por partes sai um filme bom (como eu achei que fosse), o Nicolas Cage esta deprimente, mas o filho dele é uma graça, seguindo a linha criança madura que não sabe se é o pai quem cuida dele ou ele quem cuida do pai. As cenas dos acidentes são incríveis (a melhor parte do filme alias), o avião caindo revi não sei quantas vezes de tão bem feito e do metrô tira o fôlego. Por causa desses acidentes e da lista de números que viram datas, locais e mortes em tragédias históricas achei que a historia tivesse outro propósito, mas ficou totalmente vago depois, quando somos apresentados ao iminente desfecho. Pra que serviu então toda aquela coisa de mostrar em uma lista as coisas que iriam acontecer se no final não havia nada que pudesse ser feito? (como a sinopse chamativa do filme, que dá a entender que o personagem do Nicolas, depois de desvendar o mistério da lista de numeros, conseguira evitar alguma grande tragédia no final). E qual a relação das coisas que aconteciam com o fim do mundo causado pelo Sol para que fosse feito uma lista tão detalhada com todos esses eventos? Acidentes aéreos, catástrofes naturais são até plausíveis, uma vez que já foi provado que erupções solares podem causar interferência no nosso planetinha azul, talvez não só na atmosfera, influenciando na transmissão de sinais por satélite e sistemas de navegação (como os usados por aviões), como aqui embaixo também (isso explicaria até o misterioso desastre do Air France 447). Mas como explicar outros eventos que nada tinham de naturais, como os atentados de 11 de setembro, e outras atrocidades terroristas e guerras? Teria o Sol influenciado nas idéias malignas de homens também? Aiai, vai entender...Até o último acidente antes do apocalipse nada tem de natural (um trem descarilando).

Abrindo um parênteses, isso me lembra do filme Premonição (Final Destination, 2000) quando ainda era uma idéia original e séria, claro, em que a morte só ia atrás das pessoas que deveriam ter morrido, mas por algum acidente do destino, escaparam. Era lógica, não havia nada que influenciasse ela, mas nos outros filmes a Morte já começa a ter uma cara maligna e vingativa, influenciando o desfecho final das pessoas quase como se fosse um assassino e não algo inevitável. Digo isso, porque essa seqüência de eventos que culminam no apocalipse podia ter sido construída sob uma seqüência que nos fizesse chegar ao desfecho final mais lógico e coerente, como: acidentes aparentemente sem explicação para terem acontecido,  que nos daria no final a idéia de que tudo estava pendendo para essa tragédia Solar, como se ao longo do tempo tivéssemos recebendo pequenos avisos que não entendíamos. Mas do jeito que foi feito pareceu só uma desculpa esfarrapada para chegar a um final que eles não saberiam explicar de outra forma nem com tanto suspense.


Outra coisa sem sentido: O filme tenta dar um enfoque bíblico ao final apocalíptico. Os homens sussurrantes são na verdade anjos selecionando uma nova arca de Noé, já que o nosso mundo esta fadado a destruição total através das labaredas escaldantes do Sol. Porem, se o enfoque era bíblico, como explicar um fim do mundo causado pelo Sol, se no final do capitulo do livro de Genesis, na Bíblia, que fala sobre o dilúvio, o primeiro fim do mundo, Deus diz que a próxima vez que o mundo fosse destruído não seria pelas mãos Dele (e se formos pensar que tudo o que existe no Universo foi criação divina e tudo o mais, como pode uma destruição causada pelo Sol também não ser obra de Deus?)??
E haveria uma nova arca de Noé? Uma nova chance de recriar a humanidade, se a segunda (e talvez última) que Deus disse dar ao homem seria essa que estamos vivendo agora? Bem, não estou questionando as razões religiosas do filme, nem a Bíblia, nem nada (nem religiosa eu sou), mas foi a primeira coisa que pensei (e que ficou) quando vi que o filme estava tendendo para coisas de um fim do mundo envolvendo os 4 cavaleiros do apocalipse e arcas de Noé e questões bíblicas (pelo menos disso eu me lembro da fadada época de catecismo) e tentando seguir um apocalipse descrito pela bíblia, sendo que a linguagem do livro do Apocalipse pode ser bastante simbólica e figurativa, como muitos já tentaram retratar.

MAS, como não sou entendida do assunto, resolvi mesmo é dar uma pesquisada na net sobre possíveis mensagens sobre esse acontecimento na Biblia (melhor do que revirar a mão o exemplar que tenho aqui em casa, rs), não queria deixar minha opinião aqui sem saber se estava certa e fiquei intrigada se tinham mesmo feito confusão quando aos enfoques biblicos no meio de um filme aparentemente cientifico (mas decidi deixar meus questionamentos antes do que encontrei, vai que mais gente teve as mesmas dúvidas).
O que encontrei passa longe do Gênesis e do Apocalipse, esta na Epistola de Pedro, segundo livro, em que no 3º capitulo explicasse que Deus não destruiria novamente a Terra pela força das águas, pois fizera uma aliança com Noé (o sinal da aliança era  um arco no céu, que para minha surpresa, parece ser o arco-iris, que aparece refletindo a luz do sol depois de uma chuva forte, esse é o sinal de que as chuvas não mais serão fortes o suficiente para matar toda a existencia sobre a terra), mas que voltaria um dia para purifica-la pelo poder do fogo "Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão. Naquele dia os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra com todas as obras que ela contém. " (II Pedro, 3:10). Achei outra passagem num site biblico que não encontrei na Biblia, mas tem a ver com o que foi mostrado no filme: "Deus destruirá a terra pelo fogo mas somente depois da salvação ser comprada pelo Messias e os eleitos serem removidos, assim como Noé foi protegido da ira de Deus." (a destruição pelo Sol, a arca de Noé recolhendo novos herdeiros (ou eleitos) da raça humana para uma nova existencia em outro planeta). Bem, bem, explicado está, mas para quem assistiu o filme, será que ficou claro na hora? E sem essas explicações todas em algum momento vai ficar?


No todo o filme não foi bem construído, já que foi uma história mexida por várias mãos, de vários ritmos e gostos diferentes. Se ele tivesse seguido só um caminho ou só outro teria ficado bom. Talvez saísse um bom filme sobre profecias biblicas com seus 4 cavaleiros do apocalipse. Ou talvez saísse um bom filme sobre um terrível fim descoberto de forma cientifica que deixaria até os mais poderosos impotentes ante a grandiosidade do acontecimento. Seria uma mensagem para dizer o quando nós somos pequeninos diante de toda essa imensidão incontrolável? Bem, eu pelo menos me sinto assim quando tenho esses sonhos pavorosos envolvendo o The End para os Everyone Else. Infelizmente esses eu não posso evitar ver, o inconsciente é bem traiçoeiro, e o que escrevi aqui, apesar das mensagens subjetivas me assustarem um pouco, foi para desencanar de uma vez dessa história, mas pelo menos o que eu puder evitar voluntariamente agora...



Afinal, eu até sou masoquista, mas nem tanto assim. Rs.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Crepúsculo




Terminei o livro “Crepúsculo” (Twilight, 2008) há pouco tempo e resolvi voltar a assistir o filme, que já tinha visto antes de ler o livro (não sabia que ganharia esse livro um tempo depois, senão teria esperado). A primeira vez que ouvi falar dessa obra foi quando vi o cartaz do filme como papel de parede em um computador da faculdade. Tentei me lembrar de onde já tinha visto a carinha branca de Kristen Stewart e do seu Romeu vampírico. Era de um outro filme bem menos popular da mocinha, mas cujo papel ela desempenhou de forma bastante parecida com a sua Bella, de Twilight. Produzido por um canal de televisão americano (Showtime), Kristen é Melinda Sordino em "O Silencio de Melinda" (Speak, 2004), uma adolescente que perde a amizade de seu grupo de amigas por um equivocado incidente e vive solitária e em silêncio desde então, sem conseguir expressar o trauma que sofreu, sendo culpada e isolada pelos outros. O interessante em ambas as personagens de Kristen é no modo como ela conseguiu dar alma aos papeis de garotas tão deslocadas. Acredito que a própria atriz tenha algo disso. Semelhante também são as suas narrações durante o filme. “Nunca pensei muito em como morreria...” quando Twilight começou com essa narração em primeira pessoa da protagonista me vi com um sorrisinho no rosto lembrando que já tinha visto ela fazer isso em Speak, “O primeiro dia no colégio: Sete cadernos novos, uma saia que odeio e dor de barriga.”
O Romeu vampirico da moça (Robert Pattinson como Edward) eu já tinha visto no Cálice de Fogo, 4º filme da franquia de Harry Potter, como Cedrico Diggory, o vencedor da taça Tribruxo que é morto por Voldermort. Achei boa a escolha, não só pela beleza e palidez do rapaz (seria essa palidez efeitos visuais ou de computação? As vezes não dá para acreditar em como esses atores hollywoodianos conseguem ser tão brancos, rs), mas porque ele tem um aspecto bastante austero e enigmático, que combinou com seu papel sobrenatural, mas não assustador.
Dizem que Kristen como Bella ficou sem graça, que a mocinha não parecia animada para desempenhar a personagem, de certa forma talvez tenha parecido um pouco, mas não acho que foi para tanto, penso que seja devido a essa aura meio deslocada que ela tenha e que faz suas personagens terem um ar meio melancólico. Mas é só uma suposição.
Já no livro, também houve criticas (e essas muito mais ferrenhas) à Bella. E concordo que ela tenha se tornado uma personagem chatinha do meio para o final do livro em que começa a perseguição dos ‘vampiros maus’ atrás dela. Cansativo também era a forma como ela vivia ressaltando o modo como Edward a deixava extasiada, tonta, sem palavras, como ele era lin
do, maravilhoso, perfeito, blábláblá. Parecia que ela estava o tempo todo se rebaixando ante a grandiosidade do vampiro perto dela, o que só serviu para fazê-la parecer uma personagem sem muita credibilidade, isso ficou meio evidente dessa parte ‘meio-fim’ do livro, e tirou um pouco o encanto da cena mais corajosa dela na obra — onde ela vai se encontrar com o bad vamp para o seu ‘sacrifício’ — pois ela mesma já tinha se ridicularizado tanto que não parecia que faria grandes coisas (eis uma cena que ficou melhor na versão cinematográfica, em que, como versão resumida do livro, não a víamos se inferiorizando dessa maneira).
Quando comecei a ler o livro ele era muito semelhante ao filme, até mesmo a narração inicial de Bella sobre sua morte e fiquei um pouco desanimada, achando que leria apenas uma versão estendida do que já tinha assistido. Mas me enganei. O filme é bem editado mesmo, com algumas cenas ‘fundidas’ para que desse para contar boa parte da história aproveitando os momentos marcantes. No livro temos uma série de cenas não aproveitadas, mas que são muito boas e que até mudam a direção em alguns momentos do que foi mostrado no filme. Essa parte inicial do livro me deixava lendo por horas de tão cativante, como o conhecimento de Bella por Forks a amizade incomum dela por Edward — que despertava ciúmes em uns, inveja em outras e espanto na maioria — que aos poucos foi evoluindo para algo mais forte e romântico e não tão rapidamente. O convívio dela com o pai, com os outros amigos. Essa parte simples e romântica da história foi o que mais gostei em “Crepúsculo”, mas acho que Stephanie Meyer não foi muito feliz quando tentou colocar muita ação na história e misturar isso com o romance de Bella e Edward. Só ressaltou o quanto ela se achava frágil e patética perto dele. Essa personagem tinha muito para ser bem mais o que Kristen deu à Bella na versão cinematográfica do que Stephanie deu a ela no livro.

Gostei da história, gosto desses romances que não são só romances, que tem algo mais antigo e sobrenatural por trás. Ambas são boas (livro e filme), cada um a seu modo, o filme com ótimos movimentos de câmeras e musica inspiradora (não parecia que o casal principal estava mesmo no alto daquele imenso pinheiro quando a câmera os filmou por cima?), e sem uma Bella depreciativa. O livro com uma história bem mais detalhada e profunda do inicio da mocinha nesse mundo sobrenatural e fascinante. A idéia de mostrar vampiros diferentes também foi boa, vegetarianos, que tentavam viver como pessoas normais, que podiam até sair de dia, mesmo que fossem em dias nublados, e que não derretem ao sol, mas sim brilham! Rs. Isso mostra que a imaginação tem asas para voar muito além do tradicional e corriqueiro. Mesmo que a autora não tenha acertado na dose da sua protagonista, ainda temos mais 3 livros pela frente para ela dar um jeito nisso.
E afinal, a quantidade de livros que já tem na sequencia de Twilight me parece aquelas franquias ‘lance um livro e fature um filme’ que é o que vai virar. Mas tudo bem, sorte a dela. Rs.
Mas agora que terminei o livro e revi o filme acho que vou ler o livro de novo. Ehehe...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sexo banal

Já reparou como é fácil fazer sexo na televisão? Quando vemos cenas mais ousadas ou eróticas numa novela, filme ou seriado, é tudo muito simples. Tá certo que é ficção e não tem que condizer muito bem com a verdade, é apenas uma maneira romanceada e mais 'fácil' de se fazer as coisas, mas...Nas últimas vezes em que vi cenas desse tipo na telinha me peguei a pensar com meus botões: e pra quem vê? Eu tenho que adimitir: quando eu era mais nova (aiai, e isso esta ficando cada vez mais distante no tempo, rsrs) e via - inevitavelmente - cenas como essa em uma novela ou filme achava que era provavelmente daquele jeito mesmo: no calor da situação, no 'agora é a hora'. Mas ninguém vê ninguém se prevenindo ou achando isso importante. Mas como eu disse, a ficção é só uma visão romanceada da realidade, hmmmm......... O que eu pensei mesmo, e escrevi esse post só para expressar esse meu pensamento que me deixou meio preocupada foi: Adolescentes principalmente quando vêem esse tipo de cenas eróticas podem ser induzidos a pensar que as coisas são tão fáceis como na ficção? Que na verdade na hora do 'vamô ver' é só fazer como os atores fazem nos filmes que é a mesma coisa, não enxergando que é um fingimento o 'sexo fácil' da ficção, que omite os detalhes práticos da realidade como se prevenir com uma camisinha ou pirulas, pois caso contrário a merda tá feita? (e a AIDS ta ai pra mostrar que o problema não ta só numa gravidez indesejada). Quando via essas cenas ficava pensando como seria possível uma coisa daquelas, como essas personagens não ficavam grávidas as pencas com essas relações aparentemente 'livres' (e não estou falando dos 'casais casados', e mesmo esses correm perigo), claro que é ficção, então é claro, não iria acontecer nada, mas e na realidade? Na mesma época em que vi essas cenas de transas 'em qualquer lugar a qualquer hora, sem compromisso porque não acontece nada' em seriados e filmes ouvi uma adolescente que embora se sentisse 'adulta' com seu namorado e suas experiências, não deixava de ser uma adolescente e no fundo bastante imatura ainda e o modo como achava normal reproduzir certas coisas da ficção, como se, assim como na ficção, não fosse lhe acontecer nada, me deixou um pouco espantada. Então afinal, a naturalidade com que o sexo se desenrola na telinha pode induzir um jovem a pensar que é igualmente fácil na vida real, desse modo fazendo com que ele não se preocupe tanto em se prevenir ou não ache importante fazer isso sempre? Hmm...comecei a perceber como alguns tipos de cenas que me passavam desapercebidas - talvez nem tanto, rs - podem ser perigosas.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

love


love, upload feito originalmente por recompose.
"O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá."
[Madre Teresa de Calcutá]

sábado, 18 de julho de 2009

Eu te desafio a se mexer


(Switchfoot)

Bem-vindo ao Planeta
Bem-vindo à existência
Todo mundo está aqui (2x)
Todo mundo está te olhando agora
Todo mundo está te esperando agora
O que acontece depois? (2x)

Eu te desafio a se mexer (2x)
Eu te desafio a se levantar do chão
Eu te desafio a se mexer
Como se o 'hoje' nunca tivesse acontecido
O 'hoje' nunca aconteceu antes

Bem-vinda ao 'efeito colateral'
Bem-vinda à resistência
A tensão está aqui (2x)
Entre quem você é e quem poderia ser
Entre como isso é e como deveria ser


Talvez a redenção tenha histórias pra contar
Talvez o perdão está onde você caiu
Pra onde você pode escapar de você mesmo?
Pra onde você vai? (2x)
Salvação está aqui


Link para a música:
I Dare You to Move



Coca wars (ou as estratégias do líder)

"Os fortes movimentos competitivos devem ser bloqueados"
(Sun Tzu - A Arte da Guerra)

(rsrsrs)

sábado, 4 de julho de 2009

As respostas então dentro de você



Enquanto fusava na internet atrás de material sobre Jung e alguma de suas idéias, enconmatéria interessante sobre autocidi postá-la, enquanto elaboro o que vou escreve sobre O poder que está na consciência da sombra

Por Otávio Leal - Terapeuta holístico, yoga e meditação


"Prefiro ser íntegro, a ser bom" C. G. Jung

Medite no que mais lhe incomoda nas pessoas. Não aspectos superficiais, mas algo que realmente você abomine, ou até odeie. Talvez seja ingratidão, traição, injustiça, ciúmes, medo ou impaciência. Reflita: Você já pensou porque odeia isso?

Agora, espero muita coragem de você. Será que o que te incomoda nos outros não é algo que está aí escondido dentro de ti? Talvez tão escondido que agora faça parte do teu inconsciente? Jung dizia: "Tudo o que nos irrita nos outros pode nos levar a um conhecimento de nós mesmos".
Vamos mais fundo nesta questão: Toda criança é total ao nascer. É inteira, mas no decorrer de sua vida começa a se dividir. Ela é influenciada pela sociedade, religião e família, começando a negar algumas características consideradas más. É o jogo do que é bom ou mau. Assim com a chegada da maturidade ela já negou muito da sua personalidade real. Ela esconde uma parte de si, acha pecado, errado e sujo algo que é dela, e tudo o que é rejeitado fica escondido, ou guardado no inconsciente e isso se chama sombra, é tudo o que negamos na busca absurda de sermos perfeitos, com um eu ideal.


Um exemplo é a história do médico e o monstro, Dr. Jekill e Mr. Hyde. Claro que devemos guardar das pessoas que nos relacionamos um pouco das nossas sombras, senão criamos confusões todo o tempo. O que não podemos é negá-la de nós mesmos, até porque ela contém aspectos que são muito legais.

Todos nós temos uma máscara que é aquilo que passamos para o mundo. Na astrologia chamamos de ascendente, é como às pessoas vão te ver, é o teu impulso, a tua personalidade adquirida com a vida. Nós passamos aquilo que temos de melhor.


O que somos e a imagem que passamos
Persona, na psicologia, é como gostaríamos que todos nos reconhecessem. Exemplo: No namoro superficial colocamos nossa persona, e num relacionamento mais profundo acabamos por mostrar nossa sombra. Fazemos nosso eu se dividir em 3 partes:

O Eu perdido - tudo o que reprimirmos para agradar "os outros".

O Falso Eu - a imagem que criamos para agradar "os outros".

O Eu negado - as partes que "os outros" ensinaram que são negativas e que são negadas.

São exemplos: egoísmo, raiva, desejos sexuais (reprimidos), vingança, "erros do passado", culpa (que não cria nada), traição, falsidade, desejo de poder, segredos da alma, mentiras, as nossas brigas com Deus/Deusa, "pecados", vergonha, etc.

É provável que você tenha a maioria dessas características e outras mais. E não é só você. Todos são assim. Reconheça isso.

Jung sabia que a sombra é perigosa quando não reconhecida, pois projetamos nossos aspectos destrutivos no mundo e "nos outros" e somos inteiramente escravos da sombra até que a mesma domine nossa vida e somente "pulsemos" ódio, tristeza, julgamentos, dor, reclamações, etc. Começamos a ver defeitos em todas as pessoas, julgarmos e enxergamos a sombra do nosso vizinho, de religião que não seja a nossa, de outra cultura, mas não vemos a nossa sombra.

Muitas das "Guerras" espirituais ou religiosas acontecem exatamente por isso. Vemos trevas em tudo e essas trevas são projeções das trevas que temos dentro de nós. Atos impulsivos que depois geram arrependimento. Situações em que se humilha os outros. Raiva exagerada em relação aos erros alheios. Depressão quando se olha para dentro. Francisco de Assis era sombra e luz, mas escolheu o caminho de luz, Hitler era sombra e luz, mas, escolheu o caminho da sombra. Hitler tinha a semente de Francisco, mas Hitler se tornou um Hitler e Francisco, tinha a semente de Hitler, mas se tornou um Francisco. Francisco trabalhou sua sombra, olhou para dentro e tornou-se um mestre que é ícone de compaixão, tolerância e amor à vida. "


A constante vigília em ser e fazer o bem
É um trabalho para toda a vida que como recompensa nos permite perdoar aos outros e a nós mesmos pelo que achamos "mau" pois a compaixão e tolerância inicia-se conosco e expande-se aos próximos. A sombra é muito primitiva. Vem de um passado remoto, desde, talvez, o surgimento dos hominídeos. Está em nossa mente e coração é chamada, também, de memés. No livro "O Gene Egoísta", Richard Dawkins estuda que os memés são transmitidos pela cultura, fofoca, religião, livros, filmes e tudo que contribui para aumentar nossa sombra individual e cultural. A fofoca seria talvez o pior memes - o pior fator humano, a fofoca de dentro, a fofoca de fora.

Quanto mais felicidade e criatividade vamos adquirindo na vida, mais a sombra aumenta. Quanto mais luz, mais sombras e escuridão; todos os gênios da humanidade tiveram sombras muito fortes, quanto mais luminosa for a personalidade consciente, maior a sombra, portanto, não projete tua sombra em outro. Perceba essas projeções e suas limitação.
Muitos pais se projetam nos filhos exigindo aspectos de perfeição que eles mesmos não tiveram na vida. Pessoas ficam trabalhando com o chamado pensamento positivo. Mentalizando: "isso é positivo, isso é positivo", "isso é positivo eu sou luz", "eu sou luz", "eu sou luz". Trabalhar assim com a mente, pode ser benéfico, mas por um período pequeno de tempo. Ficar achando que tudo é positivo pode fazer com que neguemos a nossa própria sombra e os aspectos egoístas e perversos. Quem não tem essas válvulas de escape que muito se manifestam no bom humor, tem a sombra reprimida e isso gera: sentimentos exagerados, de posse em relação aos outros. Alguns espiritualistas teóricos e religiosos intolerantes tem um "discurso" cheio de palavras lindas como amor incondicional, fraternidade, mas só tem o discurso na teoria. Não amam nem uma pessoa quanto mais a todos, incondicionalmente. Escondem a pior de todas as sombras - o fanatismo religioso, a intolerância com teus companheiros de crenças diferentes.
A arte de viver sem máscaras
O filme francês "8º dia", conta a vida de um motivador de comportamentos positivos em empresas e congressos, que durante seu trabalho só fala palavras bonitas mas, ao ficar em contato consigo próprio, encontra um universo de situações vazias de negativismo e dor. Conheço motivadores e religiosos que não se auto-investigam e inconscientemente, tentam passar aspectos legais na vida de seus alunos, mas suas palavras são agressivas, duras e inflexíveis, nota-se gestos, atitudes treinadas, decoradas, nada espontâneo ou que venha do coração. Seu suposto sucesso se dá porque seu público é formado por pessoas que gostam da dor e da humilhação. Nossas luz e sombra criam contradições e paradoxos em nossa alma. Qual caminho seguir? O que eu quero, ou o que "os outros" querem de mim?


A Ganância

É isso o que o homem está fazendo com o mundo....
Imagem: www.deviantart.com

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O Silêncio

Estava revendo as comunidades da qual participo no orkut esses dias e achei a descrição de uma delas ("Não me arrependo do meu silêncio") muito a minha cara (como faz muito tempo que participo dela, tinha até esquecido como era legal essa descrição). Vou reescrevê-la aqui:

"Existem momentos de falar e momentos de silenciar. Escolha qual desses momentos é o correto, mesmo que tenha que se esforçar para isso. Por alguma razão, provavelmente cultural, somos treinados para a idéia de que somos obrigados a responder a todas as perguntas e reagir a todos os ataques. Não é verdade... mas você responde somente ao que quer responder e reage somente ao que quer reagir. Você nem mesmo é obrigado a atender seu telefone pessoal. Falar é uma escolha, não uma exigência, por mais que assim o pareça. Você pode escolher o silêncio. Além disso, você não terá que se arrepender por coisas ditas em momentos impensados. ME ARREPENDO DE COISAS QUE DISSE, MAS JAMAIS DO MEU SILÊNCIO. Responda com o silêncio, quando for necessário. Use sorrisos, não sorrisos sarcásticos, mas reais. Use o olhar, use um abraço ou use qualquer outra coisa para não responder em alguns momentos. Você verá que o silêncio pode ser a mais poderosa das respostas. E, no momento certo, a mais compreensiva e real delas".

Eu amo o silêncio. Já fui elogiada, criticada e caracterizada por isso. Antigamente eu achava que fosse um ponto negativo meu, por algum tempo eu usei ele da forma errada mesmo, para me isolar, o silêncio era um muro em volta de mim, uma instrospecção acentuada, um reflexo da minha timidez atingindo um nível perigoso.
Hoje eu sei cuidar melhor disso, sei que não sou anti-social por causa do meu silêncio, sei que ele serve para coisas muito boas, embora ainda tenha pessoas que o critiquem (eu não ligo, eu até gosto de ouvir criticas, elas me ajudam a identificar onde estou errando). Algumas pessoas até confiam mais em mim como confidente justamente porque sabem que eu não saio por ai falando nada aos quatro ventos, que eu só falo quando necessário, com quem eu quero e quando eu quero. Hoje eu sei que meu silêncio não é isolamento, ele não impede mais ninguém de se aproximar de mim. É um modo de vida que aprendi a dilapidar, tirando as partes mais grosseiras, que me deixavam com um ar assustador (rs), para ser apenas eu, com meu jeito de ser, reservada, na minha, mas receptiva as pessoas que quiserem me conhecer. Eu amo ser assim.

"Há tanta suavidade em nada se dizer, e tudo se entender."
( Fernando Pessoa )

domingo, 21 de junho de 2009

Dicas para escrever melhor

Estou fusando na net nesse domingo vagaroso, lendo coisas...e me deparei com um post em um blog que falava de umas dicas para escrever de um escritor que gosto muito, o Stephen King.
Muitos acham que eu sou fã do King pelo fato de ser fã do gênero do qual ele é considerado o mestre contemporrâneo (terror). Na verdade eu ainda não virei fã de escritor nenhum, tem os que eu gosto, mas não sou devota de nenhum em especial, rsrs. Apesar de ter mais de 20 livros do homem, não sou fã dele, por vezes a sua literatura me irrita um pouco com um certo excesso de 'informalidade' (não sei se é coisa tipica da cultura Mcworld de acabar meio que estilizando as coisas), mas é só às vezes, boa parte do tempo ele esta me assustando (ou me fascinando) com suas histórias que vão de cemitérios zumbis até contos sobre adolescentes buscando o autoconhecimento. Foi um bom ponto de partida também para eu começar uma leitura mais madura do gênero terror e conhecer outros escritores do mesmo gênero e gêneros derivados deste.

Mas bem, bem, se tem uma coisa que o King sempre frisa é que ele escreve demais, e como! Tem até livro estilo 'fundo de gaveta da escrivaninha velha' que ele resolveu escrever com contos deixados de lado por muito tempo (Pesadelos e Paisagens Noturnas que o diga!). Ele escreve bons contos como Às vezes eles voltam (não sei se é porque Sombras da Noite foi seu primeiro livro de contos, mas os contos dele são muito bons) que me deixou arrepiada a noite toda. Mas a maioria (pelo menos depois desse primeiro livro) deixa a desejar, pois como dizia Jorge Amado, ser escritor de romance e de contos e fazer os dois estilos terem qualidade é coisa rara (se referindo a Graciliano Ramos, que fazia os dois muito bem, mas também pudera, Graciliano era extremamente conciso), e se tem uma coisa que o King é, é prolixo assumido. Mas gosto da maneira como ele descreve as coisas (jeito que até adaptei para mim, pois também gosto de fazer isso), claro que num romance fica muito melhor, tem mais 'espaço', rsrs.

Bem, bem, vamos as dicas que o autor dá para escrever bem (dicas tiradas do blog Efetividade.net):

Vá direto ao ponto - ou pelo menos chegue logo ao ponto. Não desperdice o tempo do leitor com longas introduções e prolegômenos. Não gagueje.
(Putz, eu fazia tanto isso, antigamente eu achava importante essas 'preliminares literárias', mas tenho aprendido que isso não cansa só meu leitor, como a mim também, rs).

Escreva um rascunho e deixe decantar - depois de escrever o rascunho, guarde por algum tempo, aguarde maturar, e só então revise e prossiga. Isto lhe permitirá ver o texto sob outra perspectiva, diferente daquela sob a qual você o escreveu, e assim facilita aplicar os cortes e edições que você talvez nem perceberia que precisava fazer.
(Outra coisa que também tenho feito com frequência: revisão de textos antigos e de 'novos', mas que deixo 'descansar' para só então ver melhor como está, é uma forma de criar um novo gás para escrever também, caso a inspiração tenha dado uma murchada ao longo da escrita).

Corte seu texto - King fala em cortar 10% do total - foi um conselho que ele recebeu em uma carta de rejeição de um texto seu, no início da carreira, e que seguiu desde então. Remova palavras, frases e capítulos supérfluos.
(Esse corte é puxado pela dica anterior de deixar o texto descansar um pouco. Pegar ele depois de um tempo ajuda muito a ver esses pontos a serem editados - e como aparecem! - e até coisas que poderiam ser escritas de maneira a economizar muito!)

Leia muito - precisa explicar? Para escrever bem, é preciso ler bem. Aumentar sua quilometragem, aprender fatos e estilos novos, saber melhor o que fazer (e o que não fazer). Não é difícil, e vale a pena.
(Voltei a ler bastante, pois minha vontade de escrever voltou com força depois de muito tempo meio 'inativa'. É muito importante para desenvolver o vocabulário também e formas de se expressar (só quem escreve sabe como é frustrante ter a idéia, mas não conseguir expressá-la no papel)).

Escreva muito - o aperfeiçoamento vem com a prática, assim como nos esportes. Escreva, e depois escreva mais, e assim você vai melhorar cada vez mais.
(Escrever e escrever, e depois escrever mais um pouquinho nas linhas que sobrarem é meu passatempo favorito!)

sábado, 6 de junho de 2009

A arte de perder


UMA ARTE
Elizabeth Bishop

A arte de perder não é difícil de dominar.
Tantas coisas contêm em si a prerrogativa
Da perda, que perdê-las não é nenhum desastre.

Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero, a perda das chaves da porta, a hora gasta inutilmente.
A arte de perder não é difícil de dominar.

Depois perca além, mais rápido:
Lugares, nomes, situações...tantas coisas.
Nada disso trará um desastre.

Perdi o relógio de mamãe. E veja!

minha ultima, ou antepenultima, de três casas amadas que tive.
A arte de perder não é difícil de dominar.

Perdi duas cidades lindas.
E um império que eu possui, dois rios, e mais um continente.
Sinto falta deles. Mas não foi um desastre.

Mesmo perder você (a voz engraçada, o gesto que eu amo) Não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não é tão difícil de dominar
por mais que pareça (Escreva!) um desastre.

Nos rascunhos de Bishop para o poema, a conclusão de One Art fica muito
mais explícita, como é possível ler nesse trecho:

All that I write is false, it’s evidentThe art of losing isn’t hard to master.oh no.anything at all anything but one’s love. (Say it: disaster.)

Tradução livre:
Tudo o que escrevi é mentira, é evidente
A arte da perda não é dificil de dominar
oh não qualquer coisa, qualquer coisa exceto o amor de alguém.
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Extraido do filme "Em Seu Lugar" (In her Shoes) - 2005
- Sobre o que fala o poema?
- Perda..? Amor...!
- Ah!E o que quer dizer isso? Que o amor já esta perdido? Bishop escreve isso como uma possibilidade, uma probabilidade? Como?
- Bem...a principio ela fala sobre perder coisas reais como chaves...depois ela torna-se grandiosa, como perder um continente.E a forma como ela diz, parece não ter importancia. Ela quer que soe
como se não tivesse importancia, porque ela sabe, no fundo, como é ruim o sentimento de perda.
- Perder o quê? Ou quem? Um amante?
- Não. Um amigo.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Oh Shit!!

Essa tecla devia ser obrigatória em todos os teclados, tô precisando dela! rsrsrsrs!!!




domingo, 26 de abril de 2009

Fonte de Inspiração

A idéia inicial para criar este blog foi escrever sobre coisas que não achava espaço em outro lugar. Meus sonhos, meus desabafos ou minhas impressões sobre qualquer coisa, sobre um filme ou livro, ou outras coisas, boa ou ruim.
Uma delas são os filmes que gosto. Nem todos são daquele tipo que todos achariam bom, mas gostos não são iguais e quanto a eles não se discute (muito, rs). Por ter um gosto não muito comum (bruxas, filmes e jogos de terror, mística e afins...) sempre acho dificuldade em encontrar espaço para comentar minhas impressões, seja no meio virtual, seja entre amigos mesmo.
Bem, vou começar com o primeiro filme com o qual sempre tive vontade de fazer isso e que sei que é pouco (e talvez totalmente) desconhecido, mas que me influenciou muito em muitas coisas que escrevi e se enquadra com aquele tipo favorito dentre os que assisti e que até hoje ainda assisto como se nunca fosse enjoar dele.

Foi em 1999, no auge dos besteiróis americanos, com filmes de “terror teen” como Pânico e Eu sei o que vocês fizeram no verão passado, além de outras imitações piores, apareceu um outro filme que chamava a atenção no cartaz por ser do mesmo autor dessa última tranqueira ai (“Eu sei...”). Esse foi o único motivo pelo qual meu irmão alugou Eu Estou esperando por você, um thriller também de adolescentes e que pela sinopse (enganosa) também pode parecer um besteirol como os outros, mas o fato de ter sido pelo mesmo autor e coisa e tal não o transformou na mesma matéria dos outros, pelo menos para mim.
A sinopse do filme foi feita provavelmente por alguém que não só não assistiu o filme como também queria colocá-lo em evidencia pelos mesmo motivo que fazia os outros terem sucesso: muitas mortes, muito sangue, muito “medo”. Mas diferente dos besteiróis de sucesso, estes elementos “clichês” não faziam parte desse filme e poderiam decepcionar quem o alugou só por este motivo (como lembro até hoje a opinião negativa do meu irmão e quando eu perguntava porque ele dizia “É um filme chato, não tem mortes, não acontece nada.” , eu ria, pois o “nada” para ele era só o ‘não tem ninguém sendo estripado ou decepado ou morrendo das formas mais ‘criativas’ que o cinema pode proporcionar’ e isso podia mesmo ser muito chato para quem só esperava isso desse filme).

Quando fiz uma cópia desse filme para mim, criei uma capinha diferente da chamativa e oficial de locadora e fiz uma sinopse mais verdadeira da história também, que seria basicamente isso:
“Sarah Zoltaine (Sarah Chalke, a Dra. Raid no seriado Scrubs) mudou-se recentemente com sua mãe, Rosemary (Markie Post) para uma velha casa na pequena cidade de Pinnecreast, Massassuchest. A lenda da casa que circula por toda a cidade é que há 300 anos uma garota chamada Sarah, que também viveu lá, foi queimada por bruxaria e como ultimas palavras lançou uma maldição jurando voltar para destruir todos os descendentes de seus assassinos. Agora acredita-se que a nova Sarah seja a reencarnação desta bruxa.”
Se a sinopse fosse só isso numa capa oficial de locadora, provavelmente só os mais interessados iriam querer assistir.

Baseado no romance “Gallows Hill” (não traduzido, que eu saiba, no Brasil, infelizmente) de Lois Duncan, esse filme tem vários elementos inspiradores e encantadores para mim: o clima frio de outono, o céu quase sempre nublado e com aquela sensação úmida no ar, as músicas (ou ritimos) combinando com esse clima, a história de bruxas numa época que este interesse florescia em mim (e que ainda hoje é o melhor de bruxas que já assisti), a sagacidade da protagonista, numa época em que elas eram apenas mocinhas que corriam de assassinos mascarados (embora exista um 'mascarado', ela não corre dele, rsrs).
Uma das primeiras coisas que notei de diferente neste filme foi como ele parece simples e um tanto verídico. Não há aquela “luz de estúdio” — que tira um pouco aquele tom de noite ou de mistério ao lugar — quando o clima é escuro, apenas com a ajuda de uma lanterna é possível ver o cenário durante essas cenas. Isso devia ser mais usado, dá um tom bastante diferente.
Os diálogos mãe-filha também são interessantes, o sarcasmo e a afeição afiados:
“Como foi hoje? – pergunta Sarah à mãe depois de seu primeiro dia como professora na cidade.
—A carinha dos alunos da 3ª série são lindas, um até me deu uma maça pelo meu primeiro dia!
—Nunca é cedo para aprender a arte da puxação de saco. –responde Sarah sarcástica. A mãe a olha aborrecida.
—Hmmm...quando se tornou uma convencida? Quando eu não estava olhando?
A filha dá um sorriso ardiloso ao responder:
—É quando tudo acontece.

Sarah é uma garota de cidade grande (Los Angeles) que se muda para a pequena cidade de Pinnecreast e tem problemas com os habitantes locais, principalmente no famigerado mundo escolar. Com suas roupas diferentes — vestidos longos, toucas, amuletos e cristais, e aquele sobretudo vermelho escuro estiloso — ela chama a atenção do povo interiorano, principalmente as patricinhas locais, que são uma espécie de fabricação em massa, com um estilo basicamente igual, seguida por toda uma classe de pessoas — principalmente os grupos populares ou os que tem a ver com esportes (maioria) que lhes dá uma espécie de status num lugar sem muitas atrações (isso lembra o lugar onde eu moro, rsrs, interior é uma b%¨&$ mesmo...) — além de sua suposta relação com a lenda da bruxa local, que a torna ainda mais alvo da aversão e comentários maldosos.

“A verdadeira maldição de Pinnecreast são as mentes obtusas. Qualquer pessoa um pouquinho diferente tem de ser, sei lá, filho de satã.” – diz Charlie, enquanto passeiam pela cidade, numa manhã ensolarada de outono. Charlie (Ben Foster, o Anjo em X-Men 2) é outro cara deslocado (de Nova York), o nerd da turma, o que sempre será zoado pelos valentões e populares, do qual as garotas sempre rirão. Ele tem uma loja esotérica na cidade e vira amigo de Sarah (por quem tem uma queda a primeira vista) quando ela vai à sua loja comprar algo para melhorar o ambiente pesado de sua casa. Lá ele a deixa a par da história de sua casa:
“Salem (também em Massassuchet) foi muito falada na imprensa, mas também tivemos nossa bruxa. Há 300 anos, cinco homens a arrastaram daquela casa e a queimaram no patíbulo, onde costumavam enforcar os criminosos. E esse local fica bem pertinho do seu novo “lar doce lar”. E quando estava sendo devorada pelas chamas prometeu que voltaria e puniria todos os descendentes um por um. Bem-vinha a Pinecreast, um bom lugar para criar os filhos.”

Mas Charlie não é o único a se interessar por Sarah na trama. Temos Eric (Christian Campbell), que faz parte do “Grupo dos Descendentes”, aqueles que estão na geração amaldiçoada pela bruxa. Ele é o tipo “mais popular entre os populares”, namora a patricinha arrogante da cidade que é a melhor amiga da ‘patricia-mor’ e vaidosa da escola. Logo no primeiro dia de aula Sarah chama sua atenção, ao ler um livro de quiromancia perto dele.
—Ah, leitura de mão...se interessa? – indaga ele tentando um primeiro contato com a garota.

O interesse de Eric é duplo. No grupo dos descendentes, a suspeita é que Sarah seja a tal reencarnação da bruxa que apareceria naquele ano para puni-los. Ao perceberem um certo interesse de Sarah por Eric, usam-no para tentar tirar algo que possa incriminá-la.
"A bruxa que devia voltar esse ano se chama Sarah.
— E daí, acham que eu sou a bruxa?
— O que você acha?"
E ao mesmo tempo, Eric, mesmo namorando a nojenta Kyra (Soleil Moon Frye, a Punky - Levada da Breca dos anos 80) sente uma atração pela misteriosa Sarah, mesmo dividido entre colocá-la em situações constrangedoras (de brincadeiras de mal gosto até tentativa de afogamento) para o bem do seu grupo e ajudá-la, cedendo a sua afeição.

—Mas eu odeio festas! – diz Sarah aflita, após ser convidada a participar como vidente (aproveitando-se da sua fama de ‘bruxa’ na cidade, embora fosse tudo uma brincadeira) em uma daquelas festas estilo americano. Eric a tranqüiliza:
Mas essa...essa você vai adorar.
—Mas eu não conheço ninguém.
—Pois é né...conhece a mim. –depois rola um beijo em close muito romântico seguido de uma trilha que dava um tom sereno a cena e não melosa ou apelativa. Foi bastante simples e bonitinha, com os balões de festa no fundo.
No decorrer da trama as coisas começam a complicar e o que Sarah pensou que fosse apenas uma história do interior que rondava pelas redondezas, começou a se tornar mais sério e perigoso do que ela imaginava.

“Acham mesmo que uma bruxa velha de 300 anos invadiu o meu corpo enquanto eu estava...dormindo, para levar vocês do clube dos descendentes para a morte? É isso mesmo que acham?” – indaga a garota desesperada depois que as coisas começam a se voltar contra ela. As pessoas começam a evitá-la e a trata-la mesmo como uma bruxa:
“Alho, seus idiotas, é pra vampiro! Não acreditam? Perguntem a Buffy. Ninguém aqui assiste televisão?” – numa alusão ao seriado da famosa caçadora de vampiros Buffy (curiosamente também uma “Sarah” Michelle Gellar).
“Problema de adaptação? Não ser escolhida para a comissão de festas é que é um problema de adaptação. Mas ser acusada de assassinato premeditado e feitiçaria. Isso sem falar do meu envolvimento com incêndios. Eu acho que a coisa é um pouquinho mais complicada!” – irrita-se a garota com o seu professor de história quando este tenta contornar as brincadeiras de mal gosto feitas contra ela na escola (como a bruxinha de brinquedo com uma risadinha maligna deixada próxima a ela com um bilhete dizendo “Queimem a bruxa!”).

Esse é um filme diferente. Pode ter ares de beiteirol para alguns, mas ele conseguiu me tocar no intimo com todos os elementos dos quais eu mais gosto, me envolvendo como nenhum outro conseguiu fazer. Além disso, de certa forma eu me identificava com a protagonista, que aproveita as horas sem a mãe em casa para fazer coisas que você só consegue fazer quando está sozinho, por mais bobo que seja, como colocar a musica que quiser para tocar, imitar uma cantora sedutora no espelho e fingir que a vassoura na verdade é o microfone e o par de dança (deslizando pelo soalho de meia? Referência a clássica cena de um jovem Tom Cruise em Negócio Arriscado (1983)), ou o modo como ela se questiona sobre si mesma "Tenha coragem Sarah, é uma experiência de crescimento interior, todos devem aprender a nadar. Vai ser útil no futuro. Se é que existe um futuro." - murmura ela refletindo sobre o fato de não saber nadar enquanto caminha ao redor da piscina.

É um filme para quem gosta de bruxas, mas também para quem gosta de originalidade e uma pitada de sarcasmo numa protagonista que não correrá de um mascarado, mas, antes de mais nada, tentará sobreviver no meio da hostilidade adolescente sendo ela mesma. Não é um contra todos como os habituais filmes da época. É todos contra um.

"Quanto a Sarah Lanchaster? Bem...ela voltou. Porque promessa, é dívida."