sexta-feira, 3 de junho de 2011

Fragmentos de um (romance)

Em exercício de escrita livre para desenvolver melhor personagens que, bem, tenho me dedicado muito nos ultimos tempos, talvez para algo maior (quem sabe, quem sabe, rs). Resolvi postar aqui para não deixar apenas no fundo de mais uma pasta. Assim, sinto-me esticando os dedos e mostrando algum progresso (ahah).

Talvez não faça lá tanto sentido, mas como disse, é um exercicio de escrita livre, só para liberar os sentidos, as percepções...


(C...)
A lente escura, em certo momento de luminosidade, deixou-se ficar fumê, transparentada. Pude, sortudamente, ver seu olhar sério dirigido a mim, como um ser marinho que, de repente, deixa-se ficar mais a vista próximo a superfície. Quase estremeci, pois a combinação dele com aqueles lábios vermelhos mais a baixo, imóveis e salientes, me deixara, inesperadamente, desconcertado. Deus...Como ela era linda e perigosa”. 

*** 

(L...)
“Seu olhar era concentrado e quase sempre alerta. Descreviam uma curva pelo ambiente, até pararem onde queria, como se vasculhando e mapeando pontos de perturbação. Parecia-me que seu semblante gentil era uma mascara bem posta, não para enganar, mas porque ele precisava ocultar aquele homem mais severo escondido por baixo, nas sombras, entrando em cena quando o palco não tinha plateia. Os olhos, de um verde enigmático, ficavam transparentes nas chispas de sol, e fosforescentes na escuridão, e seus cabelos de fios negros e compridos, vezes serviam de cortinas para os mesmos, abrigando-os em pensamentos.”

 *** 

(M...)
A Maris me lembrava muitas coisas: me fazia ver uma adulta num corpo de menina, mas tinha a voz de uma menina, cuja alma já tinha ficado madura. Amadurecida antes da hora, como fruta forçada a pegar cor e viço. Cor pode pegar, pois é inerente da casca se desenvolver, mesmo de forma acelerada, mas por dentro...por dentro há de ter certo amargor, e talvez até dureza. Não era fácil abrir tal fruta e encontrar a doçura de uma que, naturalmente, vinha e crescia e tornava-se grande e linda direto do pé, do qual, só no tempo certo, viria a ser colhida e mostrada ao mundo. Não, fruta arrancada antes da hora já não é coisa boa. Fruta forçada a parecer bonita quando poderia muito bem estar morrendo, menos ainda.”

Será que ficou bom? :-)