segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Apocalipse mais uma vez





Não sou muito chegada a filmes que tem como tema o apocalipse. Pensar no fim de tudo é meio masoquista demais pra mim, ainda mais gastar milhões para fazerem uma produção do gênero. Mas vá lá, dá bilheteria e alguns até tem uma mensagem moral no fundo, como ‘preservem o meio ambiente’ ‘vejam o que vocês estão fazendo com o mundo’, com a onda verde dos últimos anos. Catástrofes naturais causadas pela degradação do planeta é o único gênero que relevo nesse tema apocalíptico, pois são o que mais perto da realidade chegam, nos dando um aviso importante e aplicável. Mas há outros como invasões extraterrestres que só conseguem me arrancar risos, com seu estilo manipulação humana anos 70 (já que a maioria dos filmes sobre o gênero hoje são readaptações de produções antigas e mais bem feitas como O Dia que a terra parou e Guerra dos Mundos). Há ainda os piores, e não sei bem qual a mensagem moral no fundo, com a possibilidade de uma extinção a lá época pré histórica, com um asteróide atingindo a terra (detalhe que ele sempre vai parar em algum lugar dos Estados Unidos, bem, às vezes dá vontade de mandar eles literalmente se ‘explodirem’, rsrs). Mas nesses o governo americano e os super hiper agentes especiais da NASA estão lá para tentarem explodir a coisa no espaço para que ela cause o menor dano possível e salvarem a pátria e o mundo inteiro se curvarem agradecidos a eles. Uruuu!!
Mas de todos os temas apocalíptico, o recente Presságio (Knowing, 2009) com Nicolas Cage me deixou arrepiada. Na verdade não é um filme ruim, mas odiei assisti-lo até o final.


Como dizia Raul Seixas, cada um de nós é um universo e quando nos acabamos esse universo vai junto com a gente. Sim, vamos todos morrer um dia, tudo vai se acabar. Já é ruim o suficiente pensar na idéia de morte, pior ainda é imaginá-la de forma coletiva, como o “EE” (Everyone Else - todo mundo) no final da funesta lista de números do filme que esconde datas, locais e numero de mortes em grandes tragédias. Não seria um fim do mundo gerado pelo homem, por sua matança descontrolada a natureza, por ETs parasitas vindo sabe-se lá de que galáxia, de meteoros gigantes que podem nos colocar numa nova era do gelo, mas pelo simples e puro gerador de toda a vida na terra: o Sol. O que nos dá vida pode tirar. Não gostei nem um pouco de pensar num fim desses, tão simples e ao mesmo tempo tão devastador e inevitável. Dessa vez nem os super hiper especiais agentes da NASA junto com o poderoso governo americano poderiam fazer nada contra uma força tão poderosa e incontrolável. Teríamos apenas que esperar pelo inevitável fim. Credo. Eu poderia ter passado o ano sem pensar numa coisa dessas.



Esse post eu resolvi escrever pois hoje acordei as 3 da manha sobressaltada depois de um sonho apocalíptico envolvendo a merda desse filme (odeio ficar impressionada com as coisas assim) sobre um sol que de repente fica louco e começa a ter erupções gigantescas que podem atingir a terra e nos evaporar daqui. Só nos restava ver as labaredas se aproximando cada vez mais, envolvendo um circulo fumegante num céu enegrecido. Brrr...Cruzes. Não consegui dormir mais, e eu precisava mesmo de uma noite mal dormida e chegar com olheiras no trabalho, aiai.....Resolvi ficar assistindo séries para desencanar, odeio esses pesadelos.



Mas antes, ao invés de fugir da historia, resolvi procurar um pouco sobre a origem desse filme e descobri que ele teve diversos autores e passou pelas mãos de várias pessoas. Não é a toa que o filme parece uma colcha de retalhos, horas parecendo que vai tender para algo cientifico, horas para algo bíblico e um final bastante ruim.



Se dividirmos ele por partes sai um filme bom (como eu achei que fosse), o Nicolas Cage esta deprimente, mas o filho dele é uma graça, seguindo a linha criança madura que não sabe se é o pai quem cuida dele ou ele quem cuida do pai. As cenas dos acidentes são incríveis (a melhor parte do filme alias), o avião caindo revi não sei quantas vezes de tão bem feito e do metrô tira o fôlego. Por causa desses acidentes e da lista de números que viram datas, locais e mortes em tragédias históricas achei que a historia tivesse outro propósito, mas ficou totalmente vago depois, quando somos apresentados ao iminente desfecho. Pra que serviu então toda aquela coisa de mostrar em uma lista as coisas que iriam acontecer se no final não havia nada que pudesse ser feito? (como a sinopse chamativa do filme, que dá a entender que o personagem do Nicolas, depois de desvendar o mistério da lista de numeros, conseguira evitar alguma grande tragédia no final). E qual a relação das coisas que aconteciam com o fim do mundo causado pelo Sol para que fosse feito uma lista tão detalhada com todos esses eventos? Acidentes aéreos, catástrofes naturais são até plausíveis, uma vez que já foi provado que erupções solares podem causar interferência no nosso planetinha azul, talvez não só na atmosfera, influenciando na transmissão de sinais por satélite e sistemas de navegação (como os usados por aviões), como aqui embaixo também (isso explicaria até o misterioso desastre do Air France 447). Mas como explicar outros eventos que nada tinham de naturais, como os atentados de 11 de setembro, e outras atrocidades terroristas e guerras? Teria o Sol influenciado nas idéias malignas de homens também? Aiai, vai entender...Até o último acidente antes do apocalipse nada tem de natural (um trem descarilando).

Abrindo um parênteses, isso me lembra do filme Premonição (Final Destination, 2000) quando ainda era uma idéia original e séria, claro, em que a morte só ia atrás das pessoas que deveriam ter morrido, mas por algum acidente do destino, escaparam. Era lógica, não havia nada que influenciasse ela, mas nos outros filmes a Morte já começa a ter uma cara maligna e vingativa, influenciando o desfecho final das pessoas quase como se fosse um assassino e não algo inevitável. Digo isso, porque essa seqüência de eventos que culminam no apocalipse podia ter sido construída sob uma seqüência que nos fizesse chegar ao desfecho final mais lógico e coerente, como: acidentes aparentemente sem explicação para terem acontecido,  que nos daria no final a idéia de que tudo estava pendendo para essa tragédia Solar, como se ao longo do tempo tivéssemos recebendo pequenos avisos que não entendíamos. Mas do jeito que foi feito pareceu só uma desculpa esfarrapada para chegar a um final que eles não saberiam explicar de outra forma nem com tanto suspense.


Outra coisa sem sentido: O filme tenta dar um enfoque bíblico ao final apocalíptico. Os homens sussurrantes são na verdade anjos selecionando uma nova arca de Noé, já que o nosso mundo esta fadado a destruição total através das labaredas escaldantes do Sol. Porem, se o enfoque era bíblico, como explicar um fim do mundo causado pelo Sol, se no final do capitulo do livro de Genesis, na Bíblia, que fala sobre o dilúvio, o primeiro fim do mundo, Deus diz que a próxima vez que o mundo fosse destruído não seria pelas mãos Dele (e se formos pensar que tudo o que existe no Universo foi criação divina e tudo o mais, como pode uma destruição causada pelo Sol também não ser obra de Deus?)??
E haveria uma nova arca de Noé? Uma nova chance de recriar a humanidade, se a segunda (e talvez última) que Deus disse dar ao homem seria essa que estamos vivendo agora? Bem, não estou questionando as razões religiosas do filme, nem a Bíblia, nem nada (nem religiosa eu sou), mas foi a primeira coisa que pensei (e que ficou) quando vi que o filme estava tendendo para coisas de um fim do mundo envolvendo os 4 cavaleiros do apocalipse e arcas de Noé e questões bíblicas (pelo menos disso eu me lembro da fadada época de catecismo) e tentando seguir um apocalipse descrito pela bíblia, sendo que a linguagem do livro do Apocalipse pode ser bastante simbólica e figurativa, como muitos já tentaram retratar.

MAS, como não sou entendida do assunto, resolvi mesmo é dar uma pesquisada na net sobre possíveis mensagens sobre esse acontecimento na Biblia (melhor do que revirar a mão o exemplar que tenho aqui em casa, rs), não queria deixar minha opinião aqui sem saber se estava certa e fiquei intrigada se tinham mesmo feito confusão quando aos enfoques biblicos no meio de um filme aparentemente cientifico (mas decidi deixar meus questionamentos antes do que encontrei, vai que mais gente teve as mesmas dúvidas).
O que encontrei passa longe do Gênesis e do Apocalipse, esta na Epistola de Pedro, segundo livro, em que no 3º capitulo explicasse que Deus não destruiria novamente a Terra pela força das águas, pois fizera uma aliança com Noé (o sinal da aliança era  um arco no céu, que para minha surpresa, parece ser o arco-iris, que aparece refletindo a luz do sol depois de uma chuva forte, esse é o sinal de que as chuvas não mais serão fortes o suficiente para matar toda a existencia sobre a terra), mas que voltaria um dia para purifica-la pelo poder do fogo "Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão. Naquele dia os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra com todas as obras que ela contém. " (II Pedro, 3:10). Achei outra passagem num site biblico que não encontrei na Biblia, mas tem a ver com o que foi mostrado no filme: "Deus destruirá a terra pelo fogo mas somente depois da salvação ser comprada pelo Messias e os eleitos serem removidos, assim como Noé foi protegido da ira de Deus." (a destruição pelo Sol, a arca de Noé recolhendo novos herdeiros (ou eleitos) da raça humana para uma nova existencia em outro planeta). Bem, bem, explicado está, mas para quem assistiu o filme, será que ficou claro na hora? E sem essas explicações todas em algum momento vai ficar?


No todo o filme não foi bem construído, já que foi uma história mexida por várias mãos, de vários ritmos e gostos diferentes. Se ele tivesse seguido só um caminho ou só outro teria ficado bom. Talvez saísse um bom filme sobre profecias biblicas com seus 4 cavaleiros do apocalipse. Ou talvez saísse um bom filme sobre um terrível fim descoberto de forma cientifica que deixaria até os mais poderosos impotentes ante a grandiosidade do acontecimento. Seria uma mensagem para dizer o quando nós somos pequeninos diante de toda essa imensidão incontrolável? Bem, eu pelo menos me sinto assim quando tenho esses sonhos pavorosos envolvendo o The End para os Everyone Else. Infelizmente esses eu não posso evitar ver, o inconsciente é bem traiçoeiro, e o que escrevi aqui, apesar das mensagens subjetivas me assustarem um pouco, foi para desencanar de uma vez dessa história, mas pelo menos o que eu puder evitar voluntariamente agora...



Afinal, eu até sou masoquista, mas nem tanto assim. Rs.

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