Se eu pudesse pedir
algo, seria para que um dia eu acordasse e descobrisse que tudo mudou. Seria
uma benção ser agraciada com a inexistência de minhas lembranças, e não estar
mais aqui ao reabrir os olhos de manhã. Que eu pudesse ir para um lugar só meu,
onde ninguém me conhecesse e minha vida pudesse recomeçar do zero. Se eu
pudesse pedir algo...
A caneta riscou a madeira na qual
apoiava a folha de papel e então ela despertou, percebendo que acabara o espaço
que tinha para escrever seu pedido. Piscou os olhos, que se encheram com a
luminosidade súbita do dia que ela esqueceu estar ali naqueles poucos segundos
no qual sua escrita repuxada rabiscou o pedaço de papel. Suspirou, vendo os
poucos que ali estavam naquela hora matutina, visitando o alto do pequeno monte
religioso e olhou para o que tinha escrito, percebendo que nada do que quisesse
caberia ali. Ao invés de depositar seu pedido na urna que recebia aqueles
pedacinhos de agradecimentos, rogos e lastimas, amassou-o na palma de sua mão,
deixando a caneta que era usada por tantas mãos, para trás.
Bem,
se eu pudesse pedir algo, é isso. Mas eu sei que ninguém pode me ajudar. Nem o
Senhor.
2 comentários:
Olá! desculpe-me, havia algumas palavras com erros no comentário apagado. Bom, eu achei seu conto um tanto triste, porém de uma escrita bem elaborada e bem pensada. Transmitiste bem o que se propôs. Aplausos poetisa! Seguindo para voltar, claro! Deixo o convite caso queira conhecer meu cantinho poético. Um abraço!
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