As grandes tormentas parecem ter alguma coisa de especial. São como pontos definitivos no tempo, marcos. Nada mais pode ser igual depois de uma tempestade avassaladora, ela força a mudança mesmo onde se achava que ela jamais chegaria.
E é estranho o mal estar que ela provoca por um tempo, por aquele tempo indigesto em que o ar está impregnado de caos. Parece que os minutos tem o peso de chumbo e se arrastam dobrando o tempo. E é estranho porque ele precisa existir, para que, no momento que a poeira baixar definitivamente e do céu as réstias de sol voltarem a surgir, o que você vê no horizonte não é mais a mesma paisagem, mesmo que continue fisicamente a mesma, em seu interior tudo mudou. É como pisar por lugares conhecidos por uma perspectiva nova. É uma sensação quase boa.
Fôlego...voltando a ter fôlego. Vê o horizonte e corre pela relva orvalhada, aspirando o ar saudável que a dias não sente. E o vento chia pelo buraco em seu coração, ainda em processo de cicatrização. Dói, mas agora a dor é suportável e quase necessária. Ela precisa dessa dor para se lembrar do que é preciso para ser forte. Ser mais forte. Mais. Mais...
Ela só precisa continuar a correr, sentir as batidas do seu coração ferido e dolorido. É como sabe que está viva, e é o que precisa para continuar forte.
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