10 anos depois.
Não parece que foi ontem.
O que
parece é que a cada ano dessa década que se passou, a chuva e papeis e fumaça
toxica que tomou conta não apenas do lugar, mas da mente das pessoas, foi se
dissipando. Lentamente. Lentamente.
Hoje, após uma junção de pequenos
fatos revelados de forma perplexa até para os mais esclarecidos, as coisas vão
ficando claras, vão tomando forma e significado. Até parece uma pintura de
Monet, uma paisagem de sonho que demora para tomar, com a luz do dia, definição.
Mas não estamos falando de um
sonho. Não se chega nem sequer perto disso.
Estamos falando de um pesadelo
real. Uma combinação mortífera de terror. Mas não se engane, este terror nada
tem a ver com o termo que usaram como camuflagem: terrorismo. O verdadeiro terrorismo esta bem aqui, bem longe dos
países árabes. Ele esta nas mentes subversivas do capitalismo.
Não é preciso me embasar em
teorias conspiratórias para dizer o que digo. Não existe teoria da conspiração.
O que existe é uma maneira de vedar nossos olhos, ridicularizando o óbvio a
ponto dele se tornar duvidoso e especulativo. É virar a mesa da verdade a favor
de quem quer ganhar o jogo, manipulando o modo como nossas mentes questionam o
que é evidente, a ponto disso se tornar uma ilusão, uma faceta confusa. Nós nos
tornamos confusos. A realidade se torna ilusória e acreditamos naquilo que nos
fazem acreditar. É um jogo mental, antes de mais nada. Uma guerra fria tecnológica,
moderna, que se utiliza de disseminação em massa do medo através de imagens
hediondas, através de atos indizíveis. O que dizer diante de um ato dessa magnitude?
Como podemos nos questionar sobre como
tudo isso começou ou quem era o
verdadeiro culpado, quando as necessidades mais primitivas estão em alta nos
poucos minutos que se tem para se salvar. Ou nas horas em que passamos vendo,
bestificados, tudo o que jamais se sonharia acontecer, acontecendo.
Quem planejou, fez muito bem
feito. Cada detalhe sórdido muito bem esquematizado. E duvido muito que isso
tenha qualquer coisa a ver com o outro lado do mundo. Uma forma tão massificada
e sofisticada de terrorismo germina abundantemente em terras norte americanas
há muito mais tempo que a história pode contar. Esta no sangue do poder
absoluto: o sacrifício de muitos em prol do beneficio comum. Exemplos não
faltam, faltam bocas para dizer, ouvidos para escutar, mentes para interpretar.
Um não consegue chegar ao outro e assim, o silêncio se dissemina, como uma
ligação cortada no meio.
O som do fosso. Do nada.
Guerra ao terror?
Eu ouvia isso sem entender. Como
conseguiram disparar uma chamada dessa tão rapidamente? Como encontraram o
alvo, aquele a quem deveriam caçar por ter cometido aquela barbaridade numa
velocidade tão impressionante, como se só estivessem esperando um sinal para
começar esse teatro?
Deus...
Eu tinha 14 anos e olhava sem
entender. A mídia tentava implantar aquele pensamento de qualquer maneira em nossas
mentes, despejando de quarto e quarto de hora chamadas sensacionalistas,
ditando o caminho que todo o planeta passaria a seguir daquele dia em diante: quem eram os culpados, quem deveríamos odiar,
quem deveríamos apoiar nesse momento difícil. E por mais nova que eu fosse,
e por mais que minha cabeça pudesse ser facilmente influenciável por esse
recurso infalível, eu continuava sem entender. Algo, no fundo de tudo aquilo,
não parecia muito certo.
De onde veio essa guerra? Qual o motivo de terem feito isso? Por quê?
Por quê?
Engraçado, ninguém respondia essa
pergunta. Todos estavam focados no presente. No futuro. Mas não no passado. Não
nos motivos. Era a onda de choque ainda fazendo efeito, sabe? Aquele ataque
muito bem coordenado, feito especialmente para abalar as estruturas mentais de
meio mundo. Não tínhamos tempo para questionar, estávamos todos muito chocados,
perplexos, confusos, como se fossemos nós também que estivéssemos abaixo
daquela nuvem monstruosa de fumaça e papel picado que caia vultuosamente sobre
todos. Aposto que se fosse mesmo uma represália do terror árabe, ambas as
torres estariam de pé, talvez até hoje. Estariam deformadas, como uma chaga,
uma cicatriz feia na face do bom menino do ocidente. Teria derretido ambos os
andares superiores, e seria uma imagem feia de se ver durante algum tempo, na
paisagem nova-iorquina. Mas não. O teatro começou bem antes, e da forma sádica típica
que se vê ao longo da historia desse país e desse tipo de povo, que tem raízes em
lugares onde o mal parece germinar como uma coisa medonha, em forma de homens
de pensamento distorcido. E o palco foi bem preparado, e os atores colocados em
seus lugares para desempenhar um papel. Mas neste teatro satânico, tais
personagens não tem o direito a decorar um texto. São como uma grande leva de
figurantes. Boa parte para desempenhar um papel póstumo. Houvera as vitimas dos
aviões, cuja fortaleza aérea norte americana deixou escapar de seu grande olho
quatro aviões comerciais das rotas definidas, perdendo-os, num ponto cego,
tempo suficiente para que fosse cumprido o intento abissal. Houvera as pessoas
nas torres, que ouviram, confusas, do sistema de segurança ativado após as
explosões, que deveriam permanecer onde estavam. Na segunda torre, não
informaram qual era o problema na primeira e mandaram que todos voltassem para
seus escritórios. Um prédio que era considerado uma fortaleza, tinha paredes de
concreto falsas, tão frágeis quanto gesso. Fáceis de quebrar, desintegrar...mas
de conhecimento restrito. Se as pessoas que ficaram presas la dentro soubessem
disso, teriam conseguido se salvar? Orquestravam, silenciosamente, um massacre,
uma queimação de arquivo em grande escala. Planejaram as mortes dessas pessoas
cuidadosamente, primeiro, porque o impacto de uma carnificina em grande escala
seria muito maior do que a de um arranha-céu que queimasse sozinho. Segundo,
quem estava la dentro pode constatar que o que estava acontecendo ia muito além
de um atentado externo. Estavam diante de um atentado patriótico, para um fim
maior, feito de dentro para fora e de fora para dentro, simultaneamente. Foram
pegos de surpresa, traídos, e silenciados, muitos, para sempre.
É horrível ver essas cenas e
pensar no tamanho dessa crueldade. Mas não adianta pensar nas coisas dessa
forma. Para quem fez, isso fora apenas um meio para um fim. Sujo, grandioso,
medonho, ousado, insano...era uma forma de marcar, globalmente, e bem, os novos
inimigos, os novos objetivos, as novas prioridades. O novo caminho para onde o
dinheiro iria caminhar, num duto de ideias pervertidas, de petróleo e de sangue.
Eu vejo essas imagens 10 anos
depois e finalmente posso ver. Na época minha grande frustração era não
conseguir enxergar o que estava acontecendo sob o véu de confusão a qual estávamos
sendo constantemente bombardeados. Eu me esforçava para apurar os olhos e
sentir o que via, mas o ruído midiático, politico, de imagens, sons e
especulação nos envolvia numa lobotomia passageira que demorou a passar. Eles
conseguiram alcançar seus objetivos: fomos tragados e levados pelo mar de
desespero junto com as torres que viraram pó. E passamos a acreditar no mantra
que eles recitavam, deixando nossas leves suspeitas hibernarem quase que
definitivamente sob os 15 cm de poeira densa que sepultou corpos, história,
vidas na rua Greenwich.
A ficção imita a realidade, a
realidade brinca com a ficção, quase sarcasticamente. Em Watchmen, há um grande plano para a bomba: explodir a cidade mais importante do mundo de modo que o
terror gerado com a grande tragédia fomente outro tipo de sentimento, de
necessidade. O sacrifício de muitos em prol de um. O profeta Daniel, no
capitulo 8 de seu livro na Bíblia, fala sobre um carneiro, cujo dois grandes
chifres representavam o norte e o sul, a beira de um rio, atacado por um bode,
cuja face era um bico pontudo, que o leva violentamente até o chão. 911 é o
número de emergência nos EUA, o número que congestionou em poucos minutos após
a primeira explosão. Parece que, não bastasse o vulto da tragédia, ainda tinham
que colocar uma pitada subliminar típica no meio de tudo. Ironicamente tipico
mesmo.
Teoria da conspiração?
Não. É o espectador que resolve
dizer uma verdade inconveniente, como ter visto os fios por trás das marionetes
e perguntado os porquês.
Incomoda. E o que incomoda deve
ser prontamente solucionado. Espanado para debaixo do tapete, silenciado.
Comprado e manipulado. O que deixou escapar é coberto com uma roupagem pomposa,
ridicularizado, distanciando assim, a verdade do fio condutor da compreensão.
E hoje o que me incomoda é abrir
os olhos e ver e sentir. E a repulsa com o resultado é indizível. Chega a ser
suficiente para perder a fé na raça humana, pois hoje temos todos os recursos necessários
para sermos diferente, e no entanto, eles continuam sendo usados ao contrário,
para causar ainda mais dor e destruição. Deus...será que é uma questão de tempo, de sorte?
Será que tivemos apenas uma pequena demonstração do que todo o planeta é? Um
grande palco, e nós, seus figurantes sem fala e som?
Como já dizia Albert Einsten:
“A mente que se abre a uma nova idéia, jamais volta ao tamanho original.”
Deve ser esse o grande medo do
poder mundial.
Open yours eyes too.